Claro que o orgulho nacionalista se enche quando uma coisa dessas acontece. Para quem realmente gosta deste país, isso é algo como ganhar da Argentina por uma goleada de, digamos, 6 a 1 - mas quem deu as punhaladas no coração de Armando Diego Maradona, infelizmente, foi a pequeninina Bolívia de Evo Morales.
O sucesso de uns, porém, causa inveja em outros. Principalmente naqueles que tiveram todas as oportunidades na vida para crescer como seres humanos, mas, por questões diversas, continuam pequenos, de caráter, de ideias e de propósitos.
“As declarações de Obama ratificam a tese de que Lula já entrou no tema do anedotário internacional”, bradou, furioso, na Câmara dos Deputados o líder do PFL, Ronaldo Caiado, para quem o comentário do presidente americano sobre o colega brasileiro “é algo preocupante porque o líder quando não se comporta de acordo com a liturgia do cargo perde a respeitabilidade dos demais”.
Todos sabem quem é Caiado - e o que ele representa.
Uma virtude, porém, deve lhe ser atribuída: ele pelo menos tem coragem de falar o que pensa, ao contrário de muitos outros políticos que escondem seus preconceitos, seu ódio de classe, sua intolerância, seu racismo - sem contar as contas bancárias e os bens - em fachadas que vão desde a simples mediocridade até o mais celebrado cinismo.
Mas é assim mesmo a política nativa: um microcosmo da sociedade, com suas virtudes e defeitos.
A reação ao episódio do ex-presidente do Senado Garibaldo Alves, um típico representante da classe política nordestina, por exemplo, reflete talvez o pensamento do brasileiro médio, esse ser que é capaz de se surpreender tanto com as desgraças quanto com as coisas boas da vida: "Isso é extraordinário, mostra que santo de casa também faz milagre. Quem diria que o presidente Lula teria tanto êxito no plano internacional. Agora temos que levar a sério a história da marolinha", disse com seu inconfundível sotaque.
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