segunda-feira, 20 de abril de 2009

Autocrítica, autorretrato

"Em razão da ampla utilização de passagens aéreas nos gabinetes parlamentares, o presidente da Câmara reconhece que deputados, inclusive ele próprio, destinaram parte dessa cota a familiares e terceiros não envolvidos diretamente com a atividade do Parlamento. Tudo porque o crédito era do parlamentar, inexistindo regras claras definindo os limites da sua utilização. Por outro lado, surgem às vezes equívocos na utilização da verba indenizatória, na de postagem, na de impressos e no auxílio-moradia. Daí porque o presidente da Câmara dos Deputados determinou blablablá...."
Esta é a nota que Michel Temer soltou para "esclarecer" os eleitores que ele e outros deputados usaram dinheiro público para fins privados.
Michel Temer, formado em Direito pela USP, doutor pela PUC de São Paulo, que antes de ingressar na política exerceu a carreira jurídica, não sabia que um parlamentar não pode repassar para sua família e amigos as passagens aéreas destinadas exclusivamente ao seu trabalho - seja lá qual for ele.
É de doer. 
É o retrato acabado de um tipo de político que não deveria mais existir - aquele que usa seu cargo exclusivamente para fins pessoais, que mistura num mesmo balaio o que é seu e o que é do povo. 
Coisa típica das repúblicas de bananas caricaturadas no cinema e na literatura.
A bem da verdade, Temer não foi o único que confessou seu "erro"- triste eufemismo para tentar encobrir um crime baixo, sórdido.
Muitos outros parlamentares aproveitam o momento dessa hipócrita cruzada moral para fazer a autocrítica. 
Fernando Gabeira, quem diria, está nessa lista.
Justo ele, arauto do neo-udenismo travestido de esquerda, porta-voz das desilusões de uma classe média que adora impingir aos outros os seus próprios pecados e frustrações.
Gabeira, Gabeira, mas o que é isso, companheiro?

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