segunda-feira, 20 de abril de 2009

As charadas da esfinge

Em entrevista ao La Nación, o presidente Lula disse que será um "privilégio para este país" que a disputa eleitoral à sua sucessão tenha como candidatos José Serra e Dilma Rousseff. Lula completou afirmando que "se os candidatos forem Dilma, Serra e Ciro Gomes a disputa também será um luxo e igualmente, se Aécio Neves concorrer".
O presidente explicou que está feliz em ver que sua sucessão não terá como concorrentes nomes de direita: "Vejo companheiros de esquerda, de centro esquerda, progressistas. Isso é um avanço extraordinário para o Brasil."
Os elogios de Lula a Serra, Aécio e Ciro não são falsos. O presidente acha mesmo que eles são, por assim dizer, "progressistas". 
Lula mantém um relacionamento cordial com os tucanos e Ciro foi ministro de seu primeiro governo. 
Além disso, essas questões de esquerda, centro, centro esquerda, centro direita, nunca foram muito claras para ele no campo político: a composição de sua base parlamentar e ministerial fala por si só. 
Sarney, Temer, José Múcio, Geddel, Miguel Jorge e outros tantos companheiros, se não fosse o chefe que têm, estariam perfeitamente bem escalados num time com as cores da fina flor do mais agudo reacionarismo.
A questão é que Lula é um animal político sui generis, de fazer inveja a qualquer esfinge: quando alguém pensa que o decifrou, ele aparece com uma nova charada.
E, de todas, a sua sucessão é a mais intrigante, pois apesar de todos já saberem que ele não quer o terceiro mandato e que aposta todas as fichas em Dilma Rousseff, ficam no ar algumas perguntas essenciais:
1) Que papel terá o PMDB nesse jogo?
2) De que maneira ele lidará com a provável candidatura de Ciro Gomes?
3) O que fazer com os partidos menores da base?
4) Como resolver o enorme problema das disputas estaduais?
E, terminada a eleição, seja lá qual for o seu resultado, como o ex-presidente Lula se comportará?

Nenhum comentário:

Postar um comentário