sábado, 20 de dezembro de 2008

Chantagem no ar

O presidente Lula, apesar de sua afabilidade com os empresários, parece que ainda não está convicto de que eles estejam remando a favor do Brasil.

Sua declaração a respeito das oportunistas propostas de " flexibilização trabalhista" mostra claramente que o sangue do sindicalista ainda não foi inteiramente diluído: "Acho que os empresários deveriam pagar uma parte do seguro-desemprego com os lucros que eles acumularam. O governo não vai deixar de assumir a responsabilidade de cuidar dos trabalhadores, mas nenhum empresário ainda tem motivo para mandar um trabalhador embora", disse.

Para completar seu raciocínio, Lula deveria ter perguntado onde foram parar os R$ 40 bilhões que os empresários deixaram de gastar este ano com a CPMF, já que os preços dos produtos não caíram.

A verdade é que essa turma nunca lucrou tanto no Brasil quanto nesses últimos anos do governo do PT, partido que eles abominam pela sua ideologia. Ocorre que, como se encontram ainda às portas do capitalismo civilizado - se é que isso existe -, eles são movidos não só pelo lucro, mas pela ganância.

Qualquer idiota é capaz de perceber que a retração do mercado não está se dando em todos os setores e que, como em toda crise, alguns são mais prejudicados que outros - e há mesmo os que conseguem se sair bem.

O que foi acumulado nos anos de fartura do governo Lula seria o suficiente para que as empresas atravessassem sem maiores contratempos a turbulência de agora. Bastaria que os nossos badalados executivos tivessem a "consciência social" apregoada em discursos que fazem quando recebem os prêmios instituídos por entidades e publicações suspeitas.

Ao contrário, na prática preferem cobrar a ajuda do Estado que tanto odeiam, utilizando como forma de pressão a chantagem pura e simples - não há outra palavra para definir o que são hoje as demissões e as ameaças feitas nesse sentido.

O capitalista nativo, que gosta tanto de se sentir parte do Primeiro Mundo, deveria, nesta hora, seguir o conselho do presidente Lula, para o seu próprio bem: "O papel do empresário agora não é encontrar um jeito de ficar mantendo o mesmo lucro. O papel do empresário agora é trabalhar de forma muito rápida, junto com o governo, para evitar que a crise chegue à sociedade brasileira", disse ele.

Um mínimo de responsabilidade pode fazer muita diferença.

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