A súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal sobre o nepotismo é uma boa tentativa de acabar com um dos mais arraigados costumes da administração pública brasileira.
O Congresso foi pego de surpresa e as reações de alguns de seus próceres indica a profundidade do mal. Um só exemplo basta para ilustrar o quanto a prática é corriqueira: o primeiro-secretário do Senado, Efraim Morais, do DEM da Paraíba, terá de demitir seis sobrinhos que trabalhavam para ele.
Os congressistas se valiam do chamado "nepotismo cruzado", sistema no qual um contrata o parente do outro, para dar uma cara de seriedade em suas contratações. O sistema também foi vetado pelo STF. Mas os próprios ministros do tribunal sabem que será praticamente impossível que, de agora em diante, tudo funcione às mil maravilhas.
A criatividade do brasileiro é infinita e ele certamente saberá dar um jeito de enganar a fiscalização.
O problema todo é que para muitos administradores e políticos, o nepotismo não é uma prática errada. Para tais pessoas, errado é deixar de ajudar um parente. A justificativa é sempre que o indicado é competente e o cargo é de confiança - e quem merece mais confiança do que um irmão ou um filho?
A decisão do STF pode, como muitas outras que visaram dar um mínimo de seriedade à função pública no Brasil, ser esquecida em breve. Por uma questão cultural, a sociedade transforma o famoso "jeitinho" em algo aceitável, saudável até, porque aparentemente não faz mal a ninguém e ajuda em muitas coisas.
Estamos muito longe da tolerância zero, única forma de impor o respeito às leis.
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