quarta-feira, 2 de julho de 2008
Vida em comum
A chiadeira de entidades ligadas ao transporte de cargas e comerciantes, que se sentem prejudicados com a proibição do tráfego de caminhões de dia em grande parte de São Paulo, pode ou não ser justa. Mas é reveladora de que, ainda, muitos não sabem como é a vida numa democracia.
Não é de hoje que a capital paulista está sofrendo com os efeitos econômicos e sociais de seu trânsito caótico. O problema não afeta apenas quem tem carro - se estende a todos, indistintamente, que são obrigados a se locomover diariamente.
Alguma coisa precisava ser feita, urgentemente. A incompetência de governos passados levou o atual a tomar uma atitude. Depois de vários desencontros, chegou-se à conclusão de que uma das medidas imediatas que poderiam ajudar a melhorar a circulação seria tirar os caminhões do horário mais crítico.
A toda ação corresponde uma reação, diz a lógica, parodiando a terceira lei de Newton. Ora, já se esperava que os atingidos pela proibição fossem se manifestar. Mas que fizessem isso com argumento sólidos, em vez de partir, como fizeram, para o simples confronto - ou a mais pura chantagem, ao ameaçar aumentar os preços dos produtos vendidos no comércio.
A atitude foi típica de quem ignora como se convive numa democracia. Nela, deve-se pensar primeiro no bem coletivo. Se todos os que se sentirem afetados negativamente por uma determinada lei resolverem afrontá-la ou boicotá-la, a vida em sociedade perderá todo o sentido.
Os transportadores de cargas e comerciantes, antes de fazerem ameaças, deveriam pensar como podem ajudar a transformar São Paulo numa cidade que ofereça condições mínimas de vida aos seus habitantes.
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