Certa feita, ao recepcionar a premiada ginasta Daiane dos Santos no Palácio do Planalto, o presidente Lula disse, em tom de brincadeira, que estava feliz em conhecer uma pessoa menor que ele.
O presidente voltou recentemente de mais uma viagem aos confins do mundo. Encontrou o país mergulhado numa profunda crise institucional devido a uma ocorrência absolutamente comum em nações de democracia mais consolidada que a nossa, ou seja, a prisão de suspeitos de crimes variados.
Só que, desta vez, o principal acusado é figura de proa na elite do país, umbilicalmente ligado aos poderosos, com desafetos de variados calibres e nacionalidades. Sua organização, mostram as primeiras informações do processo aberto contra ele, é poderosissima e dona de um repertório incrível de truques.
O terremoto causado pela sua prisão sacudiu fortemente todos os salões bem freqüentados. A ponto de, em poucos dias, os mocinhos da história acabarem se transformando em pérfidos vilões, executores de crimes infinitamente maiores que os tão duramente investigados.
Em meio a tudo isso, o presidente Lula permaneceu calado. Escondeu-se por detrás de auxiliares que tentaram explicar à nação o inexplicável.
Dizem que o presidente é homem que dificilmente toma decisões precipitadas. Mas se desta vez agiu assim, corre o sério risco de ser atropelado pelos fatos.
O Brasil, mostra este episódio dantesco, luta desesperadamente para curar as feridas causadas pelo atraso, pelas injustiças seculares, pela ação criminosa de elites corruptas e corruptoras, que têm como único propósito acumular mais riqueza e deter mais poder.
O presidente Lula deu a esperança de que poderia levar o país a cruzar essa ponte que liga o passado e o futuro.
Ainda há tempo. Quem sabe se, olhando para trás, não se recorde do encontro que teve com Daiane dos Santos, que, com seu metro e meio de altura, foi capaz de dar saltos tão perfeitos que a levaram à glória.
Pois o presidente Lula é um desses raros homens que pode escolher entre ter a estatura de um simples político ou a de um grande estadista.
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