De todas as tentativas feitas até agora para derrubar o governo Lula, esta em que aparece a ex-diretora da Anac Denise Abreu é a mais canhestra. A mala de denúncias por ela levada ao Senado, que deixou fechada todo o tempo, é o retrato acabado da pantomina mal ensaiada que tentou exibir em público.
No máximo, Denise Abreu fez insinuações sobre pressões que teria sofrido em seu cargo. Mas quem não as sofre no seu dia-a-dia? Quem pode se orgulhar de dizer que exerce seu trabalho inteiramente livre de ordens e contra-ordens? Denise Abreu, apesar da notoriedade que vem ganhando, certamente ainda pertence a essa categoria de pessoas que têm satisfações a dar a alguém.
O problema deste circo que se monta no país com a periodicidade incomum em tais espetáculos é que as atrações são desajeitadas, o vestuário é roto, os números, repetitivos, a lona, esburacada, os animais, cansados. Sobram apenas os palhaços. Mas mesmos esses provocam, antes de risos soltos, meros sorrisos complacentes. Na verdade, esgares involuntários de quem se sente na obrigação de aplaudir qualquer coisa, já que está pagando por ela.
A diferença entre a atual oposição e a que se exercia quando a onda neo-liberal cobria todo o país é que naqueles idos os petistas e aliados tinham um contraponto a oferecer. Quem não estivesse de acordo com a pilhagem daqueles piratas de terno e gravata ainda podia ver alguma esperança no outro lado.
Hoje, dominando a paisagem do outro lado estão gigantes da estatura moral de um Arthur Virgílio, ACM Neto, Agripino, César e Rodrigo Maia ou Tasso Jereissati. É uma visão aterradora.
A única chance de a oposição sair vitoriosa deste embate com o governo Lula é aposentar tais figuras e enredos de opereta e apresentar à nação um projeto alternativo de poder sério e factível. Mas que não seja o que a governadora Yeda Crusius está executando em terras gaúchas nem o que José Serra não está oferecendo aos paulistas. Como exemplos, eles são péssimos.
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