Estranho mesmo nessa história da venda da VarigLog é o "timing" da denúncia feita pela ex-diretora da Anac Denise Abreu de que a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, atuou em favor do fundo americano que acabou ficando com a empresa.
Ora, todo mundo já sabia que a tal CPI dos Cartões, criada pela oposição para expor uma suposta farra com o dinheiro público, patrocinada pelos ministros do atual governo - e, quem sabe, até pelo próprio presidente e seus familiares - iria dar em nada. E, praticamente no mesmo dia em que o relatório da CPI dizimava as pretensões oposicionistas, aparece no Estadão, jornal não muito afeito a investigações jornalísticas, mais uma "bomba" contra Dilma, lançada por uma rancorosa senhora que ocupou alguns bons cargos na administração pública - a bem da verdade, iniciada nessa carreira pelo tucano Mário Covas.
Na mesma estratégia das outras vezes, o efeito manada se encarregou de dar corpo à notícia do Estadão e todos os outros grandes órgãos da imprensa passaram a amplificar as ressentidas palavras de Denise Abreu. Mais um "escândalo" foi criado.
Como anteriormente, o trabalho jornalístico prima em favorecer quem acusa e dar pouco caso à versão dos acusados. E Denise Abreu, que antes a imprensa nativa tratava como uma megera sem alma nem coração, praticamente a responsável pelo famoso "caosaéreo" que destruía o país, virou, da noite para o dia, pessoa de ilibada reputação, cujas sentenças são definitivas por si mesmas.
Na seqüência, as mesmas vozes indignadas de sempre vão à tribuna da Câmara e do Senado para exigir apurações e investigações, para intimar autoridades e subalternos, para mostrar uma autoridade moral e ética que, na verdade, não têm. É um roteiro que dá tédio pelo abuso de clichês.
No pano de fundo, desta vez, a derrubada do governo Lula, blindado pela excepcional popularidade que alcançou e pelo momento econômico do país, é apenas um brinde. Mais importante é sepultar a candidatura de Dilma Rousseff à presidência em 2010, com as bençãos do ex-metalúrgico. Para isso valem todos os meios. Sempre foi assim na política brasileira. Os lacerdistas de hoje são tão medíocres que nem nisso inovam.
Nenhum comentário:
Postar um comentário