A atitude foi surpreendente. Ninguém esperava que o Príncipe colocasse toda a sua admirável energia e capacidade de trabalho a serviço do candidato Geraldo Alckmin. Bem, não foi exatamente assim - FHC apenas declarou que apóia a pretensão de Geraldo ser o candidato tucano à eleição municipal paulistana. Mas partindo de quem partiu é como se as portas do céu tivessem se aberto para o ex-governador. Afinal, todos sabem que o Príncipe, quando disposto, é capaz de tanto influenciar quanto mobilizar seus súditos.
Ungido com tais bençãos, Geraldo fala grosso, exige definições, cobra responsabilidades. Mas no íntimo, sabe que nada mais resta a ele que fincar pé numa posição que se mostra a cada dia mais insustentável. Seu grande rival entre os tucanos, o governador José Serra, vive dias esplendorosos. O afilhado, prefeito Gilberto Kassab, colhe os frutos de uma administração asséptica, bem ao gosto da influenciável e conservadora classe média paulistana. Blindado pela mídia, vai recolhendo pelas ruas que mandou asfaltar nos bairros menos periféricos, os votos antes destinados a Geraldo.
A novela da sucessão em São Paulo deve se estender por mais vários capítulos. É certo que as histórias paralelas não têm os atrativos da narrativa principal. Carecem de personagens mais carismáticos e complexos. São como um filme neo-realista em preto e branco dentro de uma superprodução holywoodiana em technicolor. Decerto guardam algum interesse, mas apenas para telespectadores de faro apurado.
Mesmo assim, não se deve esquecer que podem, numa dessas ironias do destino, sobrepujar os atuais protagonistas.
Neste Brasil que avança aos trancos e barrancos, ainda vale o velho ditado que diz que de barriga de mulher, cabeça de juiz e urna de eleição nunca se sabe o que vai sair.
Nenhum comentário:
Postar um comentário