Pancho Villa, o herói da revolução mexicana, fala quechua. A selva peruana está cercada de areia movediça, com insaciáveis formigas que devoram humanos, e enormes cataratas. A pirâmide de Chichen Itzá estranhamente aparece no meio da Amazônia peruana. Ah, e a música, que deveria ser peruana, já que as aventuras do herói se passam no Peru, são...mexicanas.
Não é à toa que os espectadores peruanos estão saindo dos cinemas indignados com a superprodução Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal. Afinal, até mesmo uma obra de ficção - e haja ficção nela! - tem de ter alguns elementos verdadeiros que sustentem a sua história - por mais inverossímil, absurda e infantil ela seja.
Como dinheiro não falta aos produtores hollywoodianos, fica a impressão que tais disparates são cometidos por total ignorância e descaso com a cultura alheia. O que realça o velho estereótipo que mostra o americano como um sujeito entre o boçal e o cretino, cuja única preocupação é mastigar apressado um hambúrguer mal passado, entre goles da insuportável Budweiser - sorvida pelo gargalo da garrafa.
Mas se os realizadores deste novo Indiana Jones - praticamente a mesma turma dos outros - capricharam nos detalhes no começo e meio do filme, é no fim que ele mostra que é mesmo do outro mundo, quando um disco voador emerge das profundezas de um palácio de ouro.
Afinal, uma obra desse nível não iria se contentar em ser apenas humana.
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