Como prometeu, o PT apresentou na Câmara dos Deputados projeto para criar um imposto sobre as grandes fortunas. Pelo texto, quem tem patrimônio superior a R$ 10,98 milhões será taxado com alíquotas que variam de 0,5% a 1%.
Segundo o líder do PT na Câmara, Maurício Rands (PE), a estimativa é de que 10 mil famílias paguem o tributo - o que corresponde a 0,04% do total de contribuintes que declaram IR no país. A arrecadação estimada é de R$ 5 bilhões por ano e seria usada para custear a seguridade social (saúde, previdência e programas assistenciais, como o Bolsa Família). "Vamos chamar os ricos para contribuir com uma parte ínfima do seu patrimônio para reduzir a desigualdade do país'', disse.
A oposição não cansa de reclamar da carga tributária. Mas, por enquanto, ninguém se arriscou a bombardear radicalmente o projeto. Será difícil para demos e tucanos se colocarem inteiramente contra a proposta. Assumir tal posição em momento eleitoral traria prejuízos. Afinal, ser contra impostos que atingem pobres, classe média e empresas é uma coisa. Se colocar contra tributos que pegam os milionários é outra, bem diferente.
A primeira iniciativa parlamentar para taxar as grandes fortunas partiu do então senador Fernando Henrique Cardoso. Hoje, FHC não se mostra tão entusiasta da idéia. Mais uma vez ele pede para que esqueçam o que escreveu. O líder tucano na Câmara, José Aníbal, diz que o projeto petista tem "DNA" do PSDB. Mas também admite que dificilmente FHC apresentaria a proposta hoje: "Ele não teria o ímpeto que teve lá atrás.''
A discussão sobre o projeto deve ser intensa. Para nossos parlamentares o tema é polêmico. Na verdade, é espinhoso.
Eles terão de decidir entre assumir uma posição que será aplaudida pela maioria da opinião pública e dos eleitores ou entre outra que não afetará nem seus bolsos ou de seus patrocinadores.
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