Fernando Lugo ainda não tomou posse como novo presidente do Paraguai. Mas já é figura de destaque do noticiário dos jornalões, que o escolheram como protagonista da próxima crise do governo Lula. O mote é o mesmo do affair Brasil-Bolívia em torno do gás natural. Os ingredientes são similares, com exceção do objeto da discussão, que passa a ser a energia gerada pela Hidrelétrica de Itaipu. A pergunta-chave é se a maior potência sul-americana vai se dobrar às pretensões paraguaias de estabelecer um preço mais alto para a eletricidade que vende ao vizinho.
No caso boliviano, como se viu, apesar de toda retórica oposicionista de que Lula cedeu a Evo Morales - alguns disseram até que foi humilhado -, nada demais ocorreu, a não ser uma negociação difícil para os dois lados - algo perfeitamente normal em se tratando de relações diplomáticas.
Agora, tudo indica que a imprensa altamente engajada que se pratica no país vai carregar toda sua tinta na possibilidade de que Brasil e Paraguai se digladiem em torno de um bem que, antes necessário, agora se tornou prioritário ao desenvolvimento econômico de qualquer nação.
É claro que a agenda dos dois países vai muito além da questão de Itaipu. Há, só para citar alguns temas, a questão tributária de Ciudad del Este e a porosidade das extensas fronteiras. Mas a discussão sobre Itaipu servirá como marco zero do novo relacionamento que deverá ser estabelecido entre os governos Lula e Lugo.
É muito provável que o futuro entre Brasil e Paraguai seja amplamente amistoso, para desespero de boa parte da furiosa oposição e imprensa nativas.
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