sábado, 23 de junho de 2007

Melancia no pescoço

O presidente da Academia Brasileira de Direito Constitucional , Flávio Pansieri, defendeu o enquadramento imediato do ministro da Defesa, Waldir Pires, e do presidente da Anac, Milton Zuanazzi, nos crimes de responsabilidade, pelo que chama de "total omissão na grave crise aérea vivida pelo país há nove meses". Para o advogado, a crise "é um sintoma de todo caos administrativo que vive o Estado brasileiro". Sua argumentação: "Há vários meses inúmeros especialistas já afirmavam que havia um problema grave de falta de material e equipamento. No entanto, a ação mais incisiva do Estado foi determinar a prisão de alguns controladores ou declarar que a população atingida pelo caos aéreo deveria relaxar ou gozar ou, então, que os freqüentes atrasos são frutos do crescimento econômico. Porém, até o momento quantos controladores foram contratados? Quantos equipamentos foram adquiridos?".
É impressionante como surgem especialistas quando determinado assunto ganha as manchetes. Mas, por ser, supostamente, um expert na Constituição, o presidente da tal academia tem a obrigação de saber que não se pode culpar as pessoas simplesmente porque outras emitiram determinada opinião (quem mesmo afirmou que seria preciso mais equipamentos?) ou supor que as ações do Estado para acabar com a crise tenham sido apenas a prisão dos controladores e a fala precipitada de alguns ministros.
Aproveitar o momento de confusão nos aeroportos, causada pela sabotagem dos controladores, como tática política para ganhar alguns pontos entre a classe alta e a média, que utilizam o avião como meio de locomoção, já é algo muito questionável - afinal, se o assunto é tão sério como apregoam, o correto é ajudar a resolver o problema e não jogar mais lenha na fogueira. Pior é usar títulos de instituições que se intitulam sérias para escudar declarações sem nenhum sentido a não ser trazer para quem a dá os holofotes que prosperam nesses momentos. Ou seja, como se dizia em outros tempos: se quiser aparecer, é melhor pendurar uma melancia no pescoço.

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