domingo, 22 de setembro de 2013

Xenofobia, aqui e no Primeiro Mundo

Fabricio: "Meu colega chegou a ser agredido" 
A xenofobia (1. Aversão a pessoas e coisas estrangeiras; xenofobismo; 2. Antipatia, desconfiança, temor ou rejeição por pessoas estranhas a seu meio ou pelo que é incomum, de acordo com o Dicionário Aulete), até outro dia um termo praticamente desconhecido no país, está se popularizando graças aos esforços dispendidos pelos médicos brasileiros para impedir que colegas estrangeiros, especialmente os cubanos, trabalhem nos rincões esquecidos por todos, como integrantes do programa Mais Médicos, do governo federal.
Xenófobos, porém, existem em todo o mundo. E, não por coincidência, 110% deles estão, ideologicamente, no campo da direita.
Mesmo em países considerados de Primeiro Mundo, invejados pela nossa "elite" e por muitos integrantes de uma classe média idiotizada, a xenofobia prospera.
O site da Deutsche Welle, o serviço noticioso oficial da Alemanha, mostra como agem os xenófobos de lá, numa matéria sobre um brasileiro com cidadania alemã, que concorre ao cargo de deputado nas eleições parlamentares deste domingo (22), ameaçado pelos neonazistas do NPD.
Como se percebe pela leitura da reportagem, a imbecilidade desconhece fronteiras.
A íntegra da matéria vem a seguir:

Tristeza. Foi esse o primeiro sentimento do brasileiro com cidadania alemã Fabricio do Canto quando ele recebeu aquele "bilhete aéreo" só de ida. O candidato dos Piratas em Berlim nas eleições parlamentares alemãs já havia ouvido falar da campanha do ultradireitista Partido Nacional Democrático da Alemanha (NPD), que tem provocado indignação no país, mas não sabia que estava na "lista negra" dos xenófobos.
A poucos dias da votação deste domingo (22), o diretório regional berlinense do NPD enviou passagens de avião fictícias só de ida para políticos com raízes estrangeiras. Nela, pedia que voltassem "para casa".
Nesta semana, depois de membros dos Verdes e do partido A Esquerda, também chegou a vez do gaúcho, que mora desde 2010 em Berlim, mas que vive na Alemanha desde 1994, com temporadas no Brasil e na Ásia.
"Após o primeiro momento, já comecei a ficar preocupado", reconheceu o gaúcho, de 42 anos, em entrevista à Deutsche Welle.

Apoio a imigrantes

Além de estar iniciando carreira política, Fabricio trabalha voluntariamente em Berlim no apoio a imigrantes recém-chegados ao país. O brasileiro está não só aflito por causa de sua própria segurança e a de sua mulher, indiana, e seus três filhos.
"Estou mais empenhado agora também em defender as pessoas que estão chegando e em lutar para que os próprios nativos desse país sejam melhor educados", afirma. Ele diz ser necessário mais investimento em educação e esclarecimento, para coisas parecidas deixarem de acontecer.
Após receber a carta, Fabricio deu queixa à polícia e passou a ficar mais cauteloso, temendo ser vítima de um atentado racista. "Um colega meu, que trabalha no apoio a asilados, já chegou a levar um soco ao sair de casa. Foi xingado e ficou com os óculos quebrados", lembra. "Agora, tenho que pensar duas vezes antes de sair para passear de bicicleta ou fazer um passeio com a família."
Assim como o brasileiro, o candidato do Partido Verde Özcan Mutlu recebeu o "convite" do NPD e também registrou queixa junto às autoridades policiais. "As ameaças como essas são antidemocráticas e não devem ficar sem resposta", sublinhou Mutlu.
As passagens aéreas fictícias, enviadas pelo escritório regional do NPD de Berlim, são rotuladas como da RückflugAirlines ("airlines voo de volta") e são "one way (só de ida) "para casa". Ela especifica o destino como "país de origem " e a data do voo como "imediatamente". Mais abaixo, a cédula traz a frase: "Esperamos que o senhor tenha tido uma estada agradável na Alemanha e desejamos um bom voo de retorno".
Uma carta acompanha o "bilhete", assinada pelo membro do partido em Berlim Jan Sturm, acusando políticos de raízes estrangeiras de tentarem "influenciar politicamente os alemães étnicos".

Série de controvérsias

O NPD tem uma longa lista de controversas campanhas xenófobas. No mês passado, a agremiação causou discussão novamente, após alguns de seus membros terem protestado agressivamente contra um novo centro de refugiados políticos em Berlim. O lugar abriga principalmente famílias de regiões afetadas pela guerra, como Afeganistão e Síria, assim como Sérvia.
Até agora nenhum partido de extrema direita conseguiu chegar à marca dos 5% de votos para entrar no Parlamento da Alemanha. Entretanto, o NPD está representado nas assembleias legislativas de dois estados, Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental e Saxônia.
A proibição da legenda vem sendo discutida há anos. Uma primeira tentativa de proibição do NPD fracassou em 2003, mas por razões formais, no Tribunal Federal Constitucional alemão. Os juízes duvidaram da credibilidade das provas, porque grande parte do material provinha de altos funcionários do NPD, os quais eram ao mesmo tempo informantes do Departamento de Proteção à Constituição da Alemanha.




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