Maduro: EUA cometeram uma falta grave (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr) |
O governo Obama consegue se superar a cada dia.
Depois de ter sido pego com a mão na botija espionando não só os cidadãos americanos, mas os de vários outros países, incluindo o Brasil e até mesmo a sua presidente, e depois de dar ordens para governos europeus interceptarem o avião em que viajava o presidente boliviano, Evo Morales, criou novo foco de tensão ao impedir - e depois voltar atrás - que a aeronave que vai conduzir o chefe de Estado da Venezuela, Nicolás Maduro, passe pelo espaço aéreo de Porto Rico, uma colônia dos EUA - oficialmente um Estado Livre Associado.
Maduro informou que vai manter a viagem de 12 dias à China, por uma rota mais longa. Ele deverá se reunir neste fim de semana com o presidente chinês, Xi Jinping, para tratar da cooperação bilateral e o futuro das relações. “Negar a passagem a um chefe de Estado para que possa sobrevoar o espaço aéreo de uma terra que eles colonizaram, como Porto Rico, é uma falta grave”, disse Maduro.
O ministro de Relações Exteriores venezuelano, Elias Jaua, afirmou que a proibição constitui "mais uma agressão do imperialismo norte-americano contra o governo da República Bolivariana". Disse que "ninguém pode negar o sobrevoo de um avião que transporta um presidente de República" e que "não há nenhum argumento válido para negar esse sobrevoo".
O presidente boliviano, Evo Morales, reagiu duramente e anunciou que pedirá aos presidentes dos países que integram os organismos regionais da América Latina que tomem medidas claras contra os Estados Unidos pela nova violação dos direitos que todo presidente tem de sobrevoar espaços aéreos.
Ele quer que os países da Alba não participem da Assembleia Geral da ONU, que começa domingo, e que estudem a retirada de seus embaixadores dos Estados Unidos. Também disse que pedirá uma uma reunião de emergência da Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e do Caribe) para tratar do caso, que ele considera uma agressão não só à Venezuela, mas a todos os países da região.
No início de julho, quando voltava de viagem à Rússia, Morales foi impedido de sobrevoar o espaço aéreo de Portugal, da Espanha, França e Itália por causa da suspeita de que o norte-americano Edward Snowden, que prestava serviços à Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos, estaria a bordo do avião do presidente boliviano. Snowden revelou o monitoramento de dados de cidadãos – norte-americanos e estrangeiros - pelos Estados Unidos.
Segundo Morales, os Estados Unidos violaram novamente quatro normas internacionais, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos, o Pacto de Direitos Civis e Políticos, a Convenção sobre Missões Especiais e a Convenção de Viena sobre relações diplomáticas.
“Não se pode permitir que os Estados Unidos sigam com soberba, com políticas de amedrontamento e proibição de voos presidenciais", disse Morales.
A dura e rápida resposta da Venezuela e da Bolívia deve ter feito os americanos se tocarem da trapalhada em que haviam se metido.
Porta-voz do governo informou, posteriormente, que não houve proibição do sobrevoo do avião presidencial venezuelano, e sim que o pedido para sua realização foi feito de maneira incorreta, o que ocasionou o atraso para liberar a autorização.
Desculpa esfarrapada...
Por essas e outras os Estados Unidos vão sendo cada vez mais odiados por boa parte do mundo.
Fica cada vez mais evidente o descompromisso dos americanos com os tratados internacionais de que são signatários.
Se o governo Obama continuar nesse ritmo de violações, correrá o risco de ser considerado, por muitas nações, como um Estado pária na comunidade internacional, que não respeita lei nenhuma e despreza as mais comezinhas regras da diplomacia.
Por enquanto, ele agracia com esse status os que não comem na sua mão, que mostram um certo grau de independência às suas ordens, como Venezuela e Bolívia, por exemplo.
Os países que almejam ser protagonistas no cenário geopolítico do futuro, como os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), precisam reagir com urgência contra essa escalada de atos hostis dos americanos.
Se não, correm o risco de ver seus esforços de construir um mundo multipolar fracassarem rotundamente. (Com informações da Agência Brasil e Telesur)
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