terça-feira, 24 de setembro de 2013

A hipocrisia dos jornalões

Urna na rua: a democrática Abril
 proibiu que a votação sobre a
 proposta patronal fosse feita em sua sede

As empresas jornalísticas, por meio de suas publicações, não cansam de espinafrar qualquer coisa que o governo federal faça. Em 99,9% dos casos, o esculacho é totalmente descabido e pode ser creditado à guerra promovida contra o PT. 
Mas quem não conhece, por pouco que seja, essas empresas, pode achar que elas fazem o que fazem apenas para cumprir com as exigências de seu trabalho. Claro que isso é uma enorme mentira.
Esses simplórios também podem achar, pela posição intransigente que adotam a favor das boas práticas sociais e do "politicamente correto",  que elas são o suprassumo da eficiência, da boa administração e do respeito à lei.
Como se viu no episódio da Globo, que está devendo os tubos para a Receita Federal, elas estão muito longe disso.
E não é só a Globo que prevarica.

Agir fora da lei é a prática mais comum entre essas empresas - desde a contratação de funcionários fora do regime da CLT, para pagar menos tributos, até a simples e pura sonegação fiscal, passando, é claro, pelo desrespeito irrestrito às convenções trabalhistas.
Nos últimos dias a Editora Abril, essa que prega semanalmente a moralidade nas páginas da revista Veja, foi protagonista de dois episódios que exemplificam o caráter de seus dirigentes.
No primeiro, proibiu a entrada de representantes do sindicato dos jornalistas em sua sede. Eles iriam lá promover um plebiscito sobre a indecorosa proposta patronal de reajustar os salários da categoria abaixo da inflação - na prática, uma diminuição do rendimento.
A urna de votação teve de ser colocada na calçada mesmo. 
No segundo, a Abril Educação demitiu dois dirigentes do sindicato dos trabalhadores em editoras de livros, ignorando a estabilidade sindical e a rasgando a Constituição. Os dois trabalhadores tinham 30 e 26 anos de casa. 
O desrespeito não se restringe a esses dois casos. É muito mais amplo.
A Abril, no ano passado, foi obrigada a acertar a situação de mais de uma centena de jornalistas que trabalhavam sob a odiosa condição de "PJ", ou seja, como pessoas jurídicas. Antes de cumprir a determinação da Justiça do Trabalho, ameaçou demitir todos eles.
O cinismo e a hipocrisia, como se vê, são práticas recorrentes desses empresários e que devem ser seguidas por muitos outros das mais variadas áreas de atividade.
Para essa turma a lei só é boa, e é estritamente seguida, quando os beneficia. Quando, eventualmente, pode prejudicá-los, é simplesmente ignorada.
E haja editoriais pregando lições de moral...



Um comentário:

  1. LUCRO SOBRE O SANGUE DOS NEGROS.
    A Naspers foi um dos esteios do regime do apartheid na África do Sul e prosperou com a segregação racial. Segundo documentos divulgados pela própria Naspers, em 31 de dezembro de 2005, a Editora Abril tinha uma dívida liquida de aproximadamente US$ 500 milhões, com a família Civita detendo 86,2% das ações e o grupo estadunidense Capital International, 13,8%. A Naspers adquiriu em maio de 2006 todas as ações da empresa ianque, por US$ 177 milhões, mais US$ 86 milhões em ações da família Civita e outros US$ 159 milhões em papéis lançados pela Editora Abril. Com isso, a Naspers ficou com 30% do capital. O dinheiro injetado, segundo ela, serviria para pagar a maior parte das dividas da editora.
    (H.P.)

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