Muita gente pergunta como é que o governador José Serra conseguiu a enorme influência que tem sobre os barões da comunicação de São Paulo.
Como nós, os simples mortais, nunca iremos saber inteiramente o que se passa nas altas esferas de nosso mundo, resta apenas dar asas à imaginação.
De qualquer forma, Serra deve possuir, para quem o conhece mais intimamente, qualidades ignoradas pela massa. Pode ser, até mesmo, que seja um bom sujeito. Ou então que tais empresários vejam as coisas com outros olhos. Afinal, são herdeiros de homens que construíram impérios empresariais nada desprezíveis.
A divagação me lembra um episódio ocorrido, se não me engano, em 1987, no Estadão de tantas histórias, que mostra como esse pessoal tem mesmo o raro dom de ver mais que o normal.
O filho do patrão, naquele tempo, freqüentava a redação, talvez para matar o tédio, talvez para pegar gosto pela profissão. Um belo dia, se aproximou de alguns empregados e puxou prosa. Contou que tinha ido, em viagem de negócios, ao Chile, e que ficara encantado com o país.
- Comi num restaurante com garfo e faca de prata - disse. Serviço sem igual.
As ruas eram limpíssimas, bem diferentes da imundície de São Paulo, relatou. As pessoas, ordeiras e educadas. Outro mundo.
Mas o que realmente o impressionara na viagem havia acontecido durante a cerimônia principal do evento de que participara. Um senhor evento, que contara com a presença, vejam só, do general Pinochet, na época ainda o manda-chuva do Chile.
- Nunca vi coisa igual. Que homem! Ficou sentado na mesa principal, mais de meia hora ouvindo um discurso, sem mover um músculo. E o seu olhar, então! Impressionante! Duro, fixo num ponto da sala, sem se desviar um instante!
E arrematou, pouco antes de um telefonema o chamar para a sua sala, longe do barulho da redação:
- Vocês sabiam que ele tem olhos azuis?
É isso. Quem possui a capacidade de notar que o ditador tem olhos azuis é mesmo especial.
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