Não me lembro de ter visto, até hoje, um sentimento tão forte de indignação, por parte de tantas pessoas, igual ao provocado pela inversão do rumo da Operação Satiagraha.
Parece coisa do cinema italiano da década de 70: o acusado, sobre o qual pesam enormes evidências de uma vasta coleção de patifarias, aos poucos se transforma, aos olhos de todos, em vítima indefesa de maus policiais e juízes, que apenas cumpriram com o dever de investigar fatos, no mínimo, suspeitos.
A esculhambação já passou do nível suportável até mesmo por um país acostumado a cultuar a bagunça como virtude.
A canastrice dos principais personagens dessa tragicomédia bate de longe o Sansão vivido por Victor Mature na superprodução holywoodiana de Cecil B. deMille.
Não há juridiquês no mundo capaz de explicar o que se passa na cabeça de quem acha que a ordem de prisão de Daniel Dantas não era necessária.
Ou na de quem mandou afastar o delegado Protógenes do caso.
Ou na de quem autorizou a busca e apreensão no apartamento do delegado.
São atitudes absolutamente incompreensíveis para qualquer pessoa de bom senso.
As evidências de que se faz todo o possível para ajudar os bandidos e prejudicar os mocinhos são tantas que as explicações para as medidas "legais" que estão sendo tomadas soam absurdas e até mesmo patéticas.
As conseqüências de tanta insensatez, infelizmente, vão muito além da completa impunidade que se dá a certo tipo de pessoa.
Junto com esse habeas corpus está a certidão, selada e carimbada, de que este está condenado a ser, sempre, o país do futuro.
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