Não deve causar nenhuma surpresa o fato de São Paulo, a maior cidade brasileira, uma das maiores do mundo, eleger para prefeito um poste chamado Gilberto Kassab, político medíocre formado por um partido que mudou o nome para tentar fugir de uma história que primeiro foi construída pela vassalagem ao coturno e depois pelo adesismo descarado ao poder.
A aliança tucano-pefelista, que resultou nos piores anos vividos pelo país, só poderia mesmo estar viva na metrópole cujos habitantes têm a Daslu como seu templo máximo de adoração e seguem como dogmas preceitos imbecis de um subjornalismo idiotizado.
Nunca em sua história, São Paulo foi capaz de um gesto altruísta, descompromissado, nobre, não só em relação aos seus vizinhos, mas até mesmo com os seus moradores mais humildes.
A maior cidade do país, ao contrário, tem prazer quase sádico em pisar nos humildes, em segregar os diferentes, em estigmatizar os forasteiros, em perpetuar as desigualdades sócio-econômicas, em ampliar as injustiças até o limite do intolerável.
O jornalista Nirlando Beirão, um mineiro que vive há muitos anos em São Paulo, conseguiu resumir em poucas linhas toda a história paulista(na) em defesa dos poderosos e dos "bem-nascidos", do preconceito e do racismo, do atraso e da ignorância:
“São Paulo era contra Getúlio Vargas e a favor da oligarquia. Apoiou o populismo de Adhemar de Barros e inventou Jânio Quadros para a política. Vociferou contra Juscelino Kubitschek. Com as Marchas com Deus pela Família, preparou e apoiou o golpe militar de 1964. Revelou Maluf. Na eleição municipal de 1985, elegeu Jânio contra Fernando Henrique. Na primeira direta para presidente, elegeu clamorosamente Fernando Collor. FHC contra Lula? FHC duas vezes. Maluf contra Eduardo Suplicy? Maluf. Pitta contra Erundina? Pitta. Serra contra Lula? Serra. Alckmin contra Lula? Geraldinho. Serra contra Marta? Serra. Kassab contra Marta? Kassab... Quando Erundina venceu em 1988, não havia segundo turno. Em 2000, o eleitor correu para Marta só porque tinha se cansado da impagável dupla Maluf-Pitta. Exceções que confirmam a regra”.
Está tudo aí. Não é preciso falar mais nada.
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