"Estamos nos afogando. Se observarmos a desigualdade, que é a maior desde a Grande Depressão, o problema é sério. Se observarmos o estancamento dos salários, o problema é sério. A maior parte do crescimento econômico dos últimos cinco anos baseava-se em uma bolha do setor imobiliário, que agora estourou. E os frutos desse crescimento não foram repartidos amplamente. Em resumo, os fundamentos não são bons."
O diagnóstico da crise americana não é de nenhum esquerdista radical, mas simplesmente do professor Joseph Stiglitz, prêmio Nobel de Economia em 2001, em entrevista a Nathan Gardels, do El País, disponível no site da Agência Carta Maior.
Ele vai além em sua análise:
"O programa da globalização esteve estreitamente ligado aos fundamentalistas do mercado: a ideologia dos mercados livres e da liberalização financeira. Nesta crise, observamos que as instituições mais baseadas no mercado da economia mais baseada no mercado vieram abaixo e correram a pedir a ajuda do Estado. Todo mundo dirá agora que este é o final do fundamentalismo de mercado. Neste sentido, a crise de Wall Street é para o fundamentalismo de mercado o que a queda do Muro de Berlim foi para o comunismo: ela diz ao mundo que este modo de organização econômica é insustentável. Em resumo, dizem todos, esse modelo não funciona. Este momento assinala que as declarações do mercado financeiro em defesa da liberalização eram falsas."
A decisão do governo George W. Bush de ajudar, com a fantástica quantia de US$ 700 bilhões, as instituições ameaçadas de quebrar, dá toda razão a Stiglitz.
Bush filho não teve escolha, é certo. É perder os anéis para conservar os dedos. Os Estados Unidos e seus fiéis parceiros na festança financeira global têm neste momento uma oportunidade única de repensar a forma de aplicar o sistema econômico e social que julgavam perfeito e superior, imune a crises duradouras e indestrutível.
O capitalismo não vai acabar tão cedo, mas para isso, certamente, terá de mudar.
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