Os líderes americanos tinham mesmo razão quando alertaram para o perigo que os fundamentalistas representavam para o país.
Não foram porém os extremistas dos distantes Iraque, ou Irã, ou Síria, ou Afeganistão, países que mais freqüentemente são citados como inimigos da América, que desfecharam o mais recente ataque contra a superpotência.
Desta vez foram os próprios radicais americanos que cravaram um punhal no coração do sistema, impedindo que o pacote de ajuda proposto pela administração Bush júnior fosse aprovado pelo Congresso e, dessa forma, aliviasse os dramáticos efeitos da crise econômico/financeira que já atinge a chamada economia real e se alastra pelo mundo.
Às vésperas de uma eleição presidencial em que um dos candidatos surge como uma esperança de renovação política, o resultado da votação do pacote dá poucas expectativas de que alguma coisa possa mudar na relação entre esse Tio Sam cada vez mais patético em sua arrogância e seus parceiros globais.
Os fundamentalistas do mercado que rejeitaram o plano de Bush júnior poderiam passar por uma minoria que não representa os valores americanos.
Infelizmente não é isso o que ocorre: eles expressam exatamente o que pensam amplos setores de um país que enriqueceu não só à custa de trabalho e oportunidades, mas também de uma filosofia de vida que incentiva o individualismo, a competição desmedida, o culto ao consumo, a religiosidade acrítica, a crença em que todas as relações são reguladas por esse deus mercado, implacável em sua onipresença - e indiferença.
E foi justamente em nome desse deus que muitos dos congressistas agiram na fatídica segunda-feira, 29 de setembro. Mais por medo de que suas crenças absolutas pudessem se desmanchar num instante do que por outras razões mais lógicas ou compreensíveis.
Agindo assim, esses fundamentalistas causaram mais mal à América que todos os inimigos que a nação tem colecionado ao longo de sua existência.
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