Geraldo Alckmin clama por ajuda. Com água até o pescoço, quer dar o abraço do afogado nas figuras que mais detesta, mas que, por instinto de sobrevivência, é obrigado a aturar.
Dizem que pediu a FHC e a José Serra demonstrações explícitas de que o apóiam em sua cruzada para impedir que a horda petista chegue ao poder na maior e mais rica cidade latino-americana.
Claro que nem FHC nem Serra topam entrar nesse jogo.
FHC porque, apesar de aposentado aos olhos da opinião pública, pretende ser o cardeal Richelieu tucano, a eminência parda que destila intrigas como sinal de um poder já dissipado. Serra porque, definitivamente, não suporta nem apóia o candidato tucano, mas sim a criatura que fez seu sucessor na prefeitura paulistana.
Para Geraldo resta apenas a satisfação de expor, diária e pontualmente, sua dose de ressentimento contra "companheiros" que não aceitam seu jeito provinciano de fazer política.
Por sorte, a campanha está no fim.
Geraldo, se ficar no meio do caminho, poderá compensar sua derrota com algumas compras na Daslu preferida de sua esposa Lu e de sua filha Sophia, enquanto recupera forças para se candidatar, em breve, a deputado federal.
Se, por um desses acasos da vida, passar para o segundo turno, terá a missão quase impossível de convencer José Serra a dividir com ele alguns eventos de campanha, a fim de demonstrar ao seu eleitor uma união impossível.
Posar para fotógrafos dando um abraço em Serra deve ter, para Geraldo, o gosto de um pastel de carne frito em óleo rançoso, que os candidatos, nesta época, são obrigados a comer, mesmo sabendo do danoso efeito colateral que ele causa.
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