segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Os homens de bem e suas prisões espetaculares

Da mesma forma que o artefato que explodiu na sede do Instituto Lula teve consequências mais morais que materiais, como um aviso do que pretendem fazer contra os "petralhas" os homens de bem desse "novo Brasil" que vai tomando forma, a prisão de José Dirceu tem justificativa e significado muito mais profundos que possa expor o texto do juiz Moro, autor da ordem para trancafiar o ex-ministro.

Na verdade, não se prendeu Dirceu. 

Foram trancafiados Lula e Dilma, a alta cúpula do PT, seus milhões de simpatizantes - e, por fim, jogou-se na cadeia um projeto de país menos desigual, com menos miseráveis e mais esperança.


O simbolismo da prisão de Dirceu é claríssimo: por tudo o que no Brasil se chama "imprensa" já imputou a ele, todas as maldades, crimes, desfeitas e traições que lhes foram atribuídas, o ex-ministro encarna a podridão absoluta do partido que ajudou a fundar e que, para desespero da oligarquia, chefia o Executivo nacional desde 2003.

Condenado em um processo político, Dirceu poderia estar no ostracismo, se não fosse a necessidade de, por falta de outros bodes expiatórios tão grandes, reconduzi-lo à ribalta.

Com direito a luzes, câmeras, muita ação - e, se possível, algemas.

Um dos principais responsáveis pela estratégia petista de poder, e, consequentemente, pelo êxito da política do governo Lula, político com invejável currículo de lutas democráticas, Dirceu é o homem certo para servir de exemplo: na falta do chefe, elimina-se um de seus antigos e principais lugares-tenentes, pois as pessoas precisam, de uma vez por todas, se convencer que este país tem dono.

As prisões curitibanas se entopem de ladrões, vigaristas, corruptos, corruptores, delatores e, principalmente, inocentes úteis.

Fora dela, os homens de bem constroem um país marcado pela injustiça, intolerância, ódio, brutalidade - um país que cultiva a infâmia.

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