A guerra deflagrada no Brasil para defenestrar os trabalhistas do Palácio do Planalto iniciou uma nova e incrível batalha, depois que a prefeitura paulistana, sob direção petista, diminuiu os limites de velocidade nas avenidas marginais da cidade - uma medida até certo ponto polêmica, mas perfeitamente justificável e alicerçada por laudos técnicos.
A histeria toda em torno da medida é amplificada por pessoas que aproveitam qualquer oportunidade - esfriou, choveu, o Sol saiu - para desancar os malditos petralhas - cá entre nós, essa é uma tática bem manjada de "agitprop" para disseminar na sociedade a ideia de que todos os males do país, todas as vicissitudes enfrentadas pelo seu povo, têm como origem o ano de 2003, quando Lula assumiu a presidência.
Claro que não dá para levar a sério a maioria das manifestações coléricas sobre a redução da velocidade na capital paulista, mesmo porque elas não carregam nenhum argumento a não ser palavrões, xingamentos, ofensas e que tais.
Em vez disso, a ousada iniciativa do prefeito Fernando Haddad deveria, para o bem de todos, moradores de São Paulo ou não, ser discutida em termos racionais, pois ela envolve questões muito mais profundas do que poder acelerar a 90 km/h em plena via pública de uma cidade superpovoada de pessoas e veículos.
Uma das questões a ser debatida é justamente essa - a crescente dificuldade de as cidades, de todo o porte, suportarem o número de carros que nelas trafegam.
Tomo por exemplo Serra Negra, a estância turística distante 140 km da capital paulista, que tem uma população de cerca de 27 mil habitantes, onde moro. Suas duas ruas principais se tornam intransitáveis nos fins de semana, não há mais vagas de estacionamento, os turistas, em vez de relaxar, como seria o caso, ficam estressados - o que, convenhamos, não é bom para ninguém.
Outra cidade que visito com frequência é Jundiaí, onde passei minha juventude e moram meus familiares. Ela tem cerca de 400 mil habitantes e andar por ela é uma experiência que lembra os bons anos em que vivi na capital.
Argh...
O óbvio nessa discussão é argumentar que a situação chegou nesse ponto por culpa do aumento de número de carros e a solução para isso é investir no transporte de massa.
Certo.
Mas há outros pontos, como a falta de profissionais qualificados para cuidar do trânsito das cidades, a necessidade de realização de obras viárias arrojadas, e, mesmo, seguindo o exemplo da capital, criar alternativas para a locomoção das pessoas, desestimulando o uso do carro na cidade.
Em Serra Negra, por exemplo, discute-se muito a viabilidade da adoção da chamada "zona azul" para o estacionamento, ideia rejeitada pelos comerciantes, que são os primeiros a usar as vagas do centro.
Fora isso, não se vê nas ruas nenhum agente de trânsito, seja policial militar ou guarda municipal, que ajude os motoristas.
O que ocorre em Serra Negra, essa falta de iniciativa do poder público, deve ser algo que se repete em grande número das cidades pequenas e médias do país.
A falta de visão dos governantes do passado provocou a situação que se vive hoje.
A inação dos governantes atuais, com raras exceções, como a do prefeito Haddad, só vai piorar o problema, já insanável em algumas metrópoles.
Vendi meu carro já tem 10 anos, e não sinto a menor falta daquela porcaria. Tomei a decisão quando faleceu um vizinho. O cara ia e voltava do trabalho de carro, pra comprar qualquer coisa no comércio (+- 200 metros de casa), ia de carro, fim de semana, viajava de carro com a familia. Morreu de infarte. Acho que 80% dos problemas de transito, é falta de educação mesmo!
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