quinta-feira, 9 de julho de 2015

O Ademir, o Coelho, e o respeito ao próximo

Estes tempos atuais de intolerância me fizeram lembrar de dois saudosos amigos jundiaienses, que figuram com destaque na minha galeria de tipos inesquecíveis, o jornalista Ademir Fernandes e o sociólogo Antonio Geraldo de Campos Coelho.

Ademir, um dos profissionais mais corretos e competentes com quem trabalhei, tinha, entre várias, uma qualidade rara no ser humano: ele gostava de ajudar os outros.

Era o maior "fornecedor" de mão de obra para o Jornal da Tarde, onde trabalhou muitos anos. 

Como conhecia todos os colegas de Jundiaí, desde os veteranos até os focas, sempre que uma vaga era aberta no JT, Ademir indicava um jornalista da cidade para ela.


E como os editores do JT confiavam em sua indicação, um bom número de profissionais jundiaienses se iniciou na "grande imprensa" por suas mãos.

Só esse exemplo de generosidade bastaria para destacar o Ademir de todos nós, simples mortais.

Mas ele tinha outras qualidades, como um humor fino - era um trocadilhista sensacional -, uma simpatia inata e uma incrível capacidade de trabalho.

O Coelho era uma pessoa também rara, mas por outras razões. 

Intelectual obcecado pelo marxismo, vivia não para confirmar os seus acertos, mas para combater a doutrina. 

Ou seja, era um antimarxista extremado.

Mas, por incrível que pareça, o Coelho era incapaz de, nas constantes discussões que mantinha com seus adversários ideológicos, desrespeitar o oponente.

O debate era apenas no campo das ideias, sem ofensas de qualquer tipo.

Convivi com o Ademir e o Coelho há muitos anos, quando não havia internet, quando as relações humanas eram mais simples e quando as amizades eram construídas por uma série de afinidades entre as pessoas. 

Nos meus devaneios, fico pensando como o Ademir e o Coelho reagiriam à essa onda de ódio que ameaça tomar conta do Brasil, eles que eram tão diferentes e tão semelhantes entre si, mas que tinham um ponto em comum: o respeito às outras pessoas.

Não sei, mas tenho a impressão de que eles não gostariam nem um pouco do que veriam...

6 comentários:

  1. Ademir era aquele que o Coelho chamava de Bzz-bzz-bzz?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Você sabe, o Coelho colocava apelido em todo mundo. Lembro do Homem de Palha, do Estilingue, do Chocolate, do meu próprio (Nero) ... O do Ademir, não tenho certeza, talvez fosse esse mesmo. Sei lá, lá se vão mais de 30 anos...

      Excluir
  2. Trabalhei nove anos no JT e não conheci esse Coelho, conheci um grande feladaputa que era de Jundiaí, o capeta levou embora!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Adir, o Coelho não era jornalista, nunca trabalhou em nenhum jornal. Quanto aos jundiaienses que trabalharam no JT, dá para citar, sem fazer esforço, um bom número deles, além do Ademir: Kazuo Inoue, Paulinho Batista, Paulo Brito, Castilho de Andrade, José Eduardo Borgonovi, Edson Higo do Prado, Sergio Henrique, Sandro Vaia, Sidney Mazzoni, Dagoberto Azzoni, Denilson Azzoni, Sérgio Roveri... Enfim, muitos.

      Excluir
  3. Quem o capeta levou eu sei que você conhece!

    ResponderExcluir