segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

O PT está longe de ser socialista. Portanto...

Nunca achei que o PT fosse um partido socialista.
É de esquerda?
Depende do que a gente defina o que é esquerda.
Se for no conceito marxista clássico, claro que não.
Se, com muito boa vontade, acharmos que a contemporaneidade superou tais dogmas ideológicos e esquerdista seja apenas aquele que coloca a preocupação com o social acima das reinações do mercado, então, tá, o PT é de esquerda.
Nos anos em que o PT governa o Brasil houve, sem dúvida, avanços no campo social, redução da miséria, queda do desemprego, aumento da renda, ampliação da rede de proteção aos pobres etc etc.

Mas se formos ver, esse modelo é bem parecido com o dos Estados de Bem-Estar Social que se tornaram, para muitos, uma alternativa aos do "socialismo real",e que ainda persistem em alguns países do mundo, sob a regência dos sociais-democratas.
Os exemplos mais evidentes são as nações nórdicas.
Dessa forma, por tudo o que fez na prática, inclusive fortalecendo alguns setores do capitalismo, para mim está claro que o PT é um partido, apesar de seu nome, social-democrata.
Está a anos-luz de pregar a revolução.
Está a anos-luz, sequer, de propor uma reforma mais profunda do Estado brasileiro.
Tem, é claro, em seus quadros, alguns elementos mais à esquerda, socialistas "puros".
São poucos, porém.
Sua imensa máquina é dominada por pessoas convictas de que o capitalismo dominará a Terra eternamente.
E que a função dos governos do PT será tão somente deixar esse sistema econômico menos cruel, menos desumano.
Os jornalões noticiam que o PT está decepcionado com a formação do ministério do novo governo Dilma, embora oficialmente nada ainda tenha sido anunciado.
Dizem que ela se rendeu ao tal "mercado", traiu as suas promessas de campanha.
Duas considerações: 
1) o governo do PT integra uma coalização, portanto não pode nem pensar em governar sozinho; 
2) Desde quando os governos do PT peitaram o tal "mercado"?
Realmente, os nomes que têm aparecido no noticiário como prováveis novos ministros são execráveis.
Mas se a gente for lembrar de tantos outros que integraram o Ministério dos dois governos Lula e este de Dilma, não há nenhuma razão para surpresa.
É apenas mais do mesmo.
Ou seja: o novo governo do PT será apenas uma continuação do que tem sido até agora.
Com uma ou outra mudança.
Uma ou outra concessão ao "mercado".
E uma ou outra concessão aos "socialistas".
Mas enfim...
Qual a alternativa?

2 comentários:

  1. Acho que não da pra falar em esquerda, centro ou direita enquanto não se debelar esse surto afanativo que se abateu sobre a Nação. Pra se construir qualquer coisa que seja, é necessario um minimo de decência e boa vontade. Será que nossos ilustres homens publicos(?) permitirão? Como ja dizia um desses notórios: "assim não pode, assim não da!

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  2. Acho que navegar nessas águas turbulentas exige muito jogo de cintura (ou seria de equilíbrio no caiaque?). Sim, a estabilidade econômica é uma meta importante e ela depende em boa parte do tal 'mercado' e das expectativas de seus operadores. Talvez, considerando que partido não é feito só dos quadros dirigentes (assim como um sindicato não é só sua diretoria), caiba à militância impulsionar esses avanços que se quer. Mas para isso, tem que haver algum ambiente de certa tranquilidade interna - não digo submissão ou aceitação absoluta - mas algo que seja diverso do antagonismo destrutivo vindo de fora do partido. Uma hipótese na qual talvez só eu tenha pensado (concordando desde já com o que você diz sobre o governo integrar uma coalizão e não poder nem pensar em governar sozinho): há nomes, como o de Kátia Abreu, que parecem estar sendo indicados mais pra 'pagar' por essa aliança necessária, sem a qual não se poderia aprovar nada. Esses nomes podem ser os que se indica inicialmente para serem 'fritados', a exemplo do que ocorreu no primeiro mandato Dilma.

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