Passar férias, em qualquer lugar do Brasil, está custando um bocado.
Hoje, qualquer hotelzinho, qualquer pousadinha, seja lá onde for, cobra, de diária, no mínimo, uns R$ 300 para um casal. Juntando as refeições, as lembrancinhas, o chopinho no fim da tarde, marido e mulher, sem filhos, vão gastar, por dia uns R$ 500 para gozar das merecidas.
Não tenho a menor ideia dos preços no exterior, mas imagino que não sejam menores que os do Brasil.
A conclusão a que se chega é que, para passar uns dez dias de férias, um casal classe média vai gastar uns R$ 5 mil, no mínimo. Se tiver filhos, vai ser o dobro.
Esse dinheiro pode tanto vir do 13º salário, se o nosso casal não tiver dívida, dos 30% a mais que são pagos no salário das férias ou de uma poupança feita durante o ano - uns R$ 500 reservados mensalmente para a viagem.
Bem, chega de números.
O fato é que, embora o país esteja, segundo os indicadores, quase no pleno emprego, não é fácil para uma família normal economizar para ter umas férias dignas, capazes de esvaziar a mente das preocupações do dia a dia e abastecer o espírito de muita energia para enfrentar a dureza dos meses seguintes.
Estamos, porém, falando das pessoas comuns, que vivem a dura realidade do mundo ordinário.
Porque há outros, que vivem num mundo extraordinário, no qual não existe trabalho nem férias, no qual a realidade se mistura à ficção.
É como um conto de fadas.
E se alguém duvidar da existência desse universo maravilhoso, sugiro que leia os jornalões, esses instrumentos concebidos para demonstrar que nem tudo o que se vê é o que parece ser.
Está lá, nas páginas desses insuspeitos observadores do cotidiano, a notícia de que o presidente do Supremo Tribunal Federal, esse menino pobre que vai mudar o Brasil, esse juiz terrível que pune com a ferocidade dos indignados toda a sujeira, toda a corrupção, todo o crime que destrói este país, vai interromper as suas férias europeias para dar duas palestras pelas quais receberá, do próprio tribunal que preside, a bagatela de R$ 14 mil a título de "diárias".
Que exemplo notável de sacrifício pelo bem público!
A virtude, certamente, nunca habitou espírito mais digno que esse...
Sem dúvida, tudo o que se fala desse excelso magistrado é pouco para expressar a sua magnificência.
Feliz o povo que pode contar com tal personagem como guardião supremo de suas leis!
E essa gente mesquinha que fica a contar trocados para levar a mulher e a filharada para passar uns dias na praia...
Tenha dó!
Vou ali vomitar...
ResponderExcluirPra quem compra apartamento em Miami de um milhão, usando empresa fantasma locada em apartamento público, pagando preço simbólico, essas diárias são dinheiro de pinga. Que nós pagamos por sinal, mas tudo em ordem para nossos jornalecos, o que não pode é o Padilha participar de atos públicos em SP usando a estrutura do governo, é sempre assim.
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