segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

O fantasma do Bandeirantes

Geraldo Alckmin está muito bem na fita - pelo menos a do Datafolha.
Pela sondagem do instituto, venceria com facilidade seus adversários se a eleição para o governo de São Paulo fosse hoje.
Para seu azar, falta ainda pouco menos de um ano para que ela se realize.
E, como se diz popularmente, muita água há de passar por debaixo da ponte, levando com ela bagrinhos, piranhas famintas e enormes jaús.
Uma fauna aquática e tanto.
Nessa briga, porém, o nosso Geraldo leva a vantagem de ser praticamente invisível.

Está certo que o eleitorado paulista gosta de emoções fortes - se não, teria evitado os dissabores que inevitavelmente causariam, na chefia do Executivo, figuras como Maluf, Quércia, Fleury, Covas, Serra e o próprio Geraldo.
Como se vê, uma coleção e tanto.
Geraldo tem o dom da invisibilidade porque deve ter percebido, desde o início de sua vitoriosa carreira na vida pública, que só triunfaria se as suas poucas qualidades e seus inúmeros defeitos fossem escondidos do eleitor.
Inverteu a tática do "fale mal, mas fale de mim".
Com ele sempre foi "não fale de mim", "me esqueça", "faz de conta que eu não existo".
Não há no Brasil político igual a ele, tão inexpressivo, tão arredio em sair nas manchetes e em se fazer notar, tão contrário em imprimir uma marca pessoal em qualquer coisa.
É como se fosse um protoplasma, um fantasma.
Talvez seja por isso que São Paulo vote nele.
O paulista é um conservador por essência, um sujeito que detesta mudanças, que se contenta com o que tem, que se sente ameaçado por qualquer coisa que fuja ao seu padrão ordinário de vida, que secularmente cultiva o preconceito e o ódio de classes, e que, pela sua condição econômica de remediado, se julga superior aos outros brasileiros.
Assim, nada melhor que um tipo como o nosso Geraldo, que, aparentemente não fede nem cheira, que faz de tudo para parecer que é insosso como um picolé de chuchu.
Ele é perfeito para morar nos corações dos bandeirantes, para fazer do Palácio dos Bandeirantes o seu lar, doce lar.
Isolado do mundo real por uma muralha construída pelos meios de comunicação, Geraldo vive no paraíso de todo político: exerce seu poder nas sombras, sem ninguém a importuná-lo, fortalecendo a si e ao seu grupo a cada dia que passa, invisível, incorpóreo.
Geraldo e o Estado de São Paulo, esse falso Éden, formam uma grande parceria, são assim como Laurel e Hardy, a dupla o Gordo e o Magro: um não vive sem o outro, os dois se completam em sua mediocridade.




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