segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

O apagão nosso de cada dia

Há poucos dias, o bairro onde moro, na Zona Oeste paulistana, ficou 15 horas sem energia elétrica, depois de uma forte chuva.
O fato é corriqueiro na região: chove forte, os galhos das árvores que nunca são podadas caem sobre os fios e a energia é interrompida.
Dias depois desse último apagão, a AES Eletropaulo mandou aos moradores do nosso condomínio uma correspondência cujo início é o seguinte:
"A AES Eletropaulo investe constantemente na manutenção e na expansão de suas redes de distribuição para garantir a máxima qualidade no fornecimento de energia elétrica."
Muito blá-blá-blá depois, ela informa que ficaríamos sem energia das 9h30 às 15 horas por causa da "realização de serviços programados de manutenção".

Mentira deslavada: a Eletropaulo não faz manutenção nenhuma, pois se fizesse, se pelo menos podasse - ou mandasse a Prefeitura podar - as árvores do bairro, os apagões não seriam tão frequentes.
A manutenção a que se referia a concessionária, está na cara, era apenas o conserto do conserto meia-boca feito depois do temporal.
A energia até voltou dentro do previsto.
Mas duas horas depois o bairro voltou a ficar sem luz por cerca de uma hora: as equipes da empresa tratavam de reparar o estrago feito por um carro num poste de uma das principais avenidas do local.
Um poste entre os milhares plantados na cidade - coisa de séculos atrás, que nenhuma empresa que se diz moderna usa mais.
Sei que o que ocorre no meu bairro se repete por São Paulo inteira, seja nas áreas de classe média, seja na periferia.
Mas esses apagões nunca são noticiados, ou se são, merecem algumas poucas linhas nos jornalões.
Dessa forma, só fica sabendo da incompetência, da ineficiência e de todo o péssimo serviço prestado pela concessionária quem é vítima dele. 
Como o apagão numa determinada região não acontece todos os meses, a impressão para quem mora nesse lugar é que ele apenas sofreu uma fatalidade - sem a visão do conjunto, sem saber que o que ocorre no seu bairro se repete na cidade inteira, é bem provável que o infeliz cidadão paulistano acabe acreditando que a Eletropaulo "investe constantemente na manutenção e na expansão de suas redes de distribuição", como dá conta a sua mentirosa correspondência.
Que os jornalões blindem a concessionária a gente até entende. 
Afinal, eles são defensores intransigentes desse modelo de serviços essenciais que o governo FHC legou ao país - e do qual a Eletropaulo é um bom exemplo.
O que realmente provoca engulhos é a atuação dessas agências reguladoras governamentais, desses Procons, desse Ministério Público, de todos esses órgãos que, supostamente, deveriam defender o pobre, o indefeso cidadão, dos abusos dessas empresas poderosas - e que prestam um serviço vagabundo, ordinário, desprezível.
Não acompanho as inúmeras votações que são feitas todos os anos, patrocinadas pela imprensa cartelizada, para a escolha das "melhores" empresas do país.
Por isso não sei dizer se a AES Eletropaulo já ganhou alguma vez.
Mas é bem provável que isso tenha ocorrido.
Anos atrás, alguns meses antes de um avião seu cair, logo depois de levantar voo de Congonhas, e matar quase duas centenas de pessoas, a TAM havia vencido um desses prêmios...
Seja como for, se houvesse um outro concurso, para escolher as piores empresas de São Paulo, do Brasil e do mundo, e eu pudesse votar, nem teria dúvidas: AES Eletropaulo na cabeça.
Mas seguida de perto por outras, como essa piada chamada NET, todas as concessionárias de rodovias, as teles, sem exceção, 100% dos bancos, nossos maravilhosos jornalões, montadoras e concessionárias de veículos etc etc.
E, sem querer ser chato, nem a padaria da esquina iria escapar - vá cobrar caro assim lá na pqp!






3 comentários:

  1. O Brasil foi feito refem no desgoverno de FHC, as Agencias reguladoras trabalham para os patroes.

    ResponderExcluir
  2. Acompanho sempre seus textos e postagens...Li certa vez que morava no Caxingui se nao me engano..mas pelo que escreveu hoje,acredito que more no JD.Rolinópolis...Moro no Jd peri-peri,vizinho e passo todos os dias pelo rolinópolis...basta um ventinho e.....lá se vai a energia...aqui nao émuito diferente mas,percebi depois da ultima chuva,que o Rolinopolis,mais uma vez,sofreu APAGÃO.

    Abraço,

    werner

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi, Werner,
      moro mesmo no Caxingui.
      No quarteirão do meu prédio a situação é essa: semana sim, semana não, lá vem o apagão...

      Excluir