terça-feira, 12 de novembro de 2013

A lógica da Folha: a vítima é o criminoso

A Folha, num notável trabalho investigativo,
descobriu o Cardeal Richelieu de Haddad,
o homem que realmente estava por detrás do poder

E não é que a Folha continua em sua patética tentativa de incriminar a gestão Fernando Haddad nos crimes que ela descobriu?
"Auditor fiscal suspeito trabalhou na equipe do secretário de Haddad", diz o título da manchete do portal da internet; "Fiscal suspeito foi da equipe de secretário de Haddad" é a manchete da edição em papel.
Se a Folha fizesse jornalismo - o que não faz -, se respeitasse, ao menos, a inteligência de seus leitores, se não fosse um mero panfleto a serviço das forças mais reacionárias do Brasil, uma notícia dessas seria editada no lugar que merece - um pé de página.
Mas como no futebol, no jornalismo não existe o "se".
Ninguém forçou a Folha a ser o que é, ela simplesmente fez a sua escolha de se tornar um partido político a serviço da turma do contra.
A notícia (?) é tão ridícula que provoca em qualquer pessoa que tenha dois neurônios uma pergunta inevitável:
- Mas por que isso vai para a  manchete?
Para ninguém dizer que exagero, vão abaixo os oito primeiros parágrafos da obra:


O auditor fiscal Eduardo Horle Barcellos, suspeito de participar do esquema de fraude ao ISS na Prefeitura de São Paulo, trabalhou cerca de três meses deste ano com a equipe do secretário de Governo, Antonio Donato.
A sala ocupada pelo secretário petista fica no mesmo andar do gabinete do prefeito Fernando Haddad (PT), por onde passam as principais decisões da administração.
Donato solicitou formalmente a transferência de Barcellos da pasta de Finanças para a sua secretaria no ofício 134/2013, de 17 de janeiro.
O auditor permaneceu na pasta até abril, quando voltou à secretaria original. Segundo a gestão petista, ele mesmo quis a transferência e não tinha "função específica" na secretaria de Donato.
A transferência do auditor para a pasta do Governo ocorreu sem que tivesse sido publicada no "Diário Oficial".
Na época, havia uma apuração em andamento na prefeitura sobre a fraude no ISS, com citação ao nome de Barcellos e de outros suspeitos que acabaram sendo presos no final do mês passado --e liberados após dez dias, para responderem em liberdade.
Aberta na gestão Gilberto Kassab (PSD), ela já contava com um parecer do ex-secretário de Finanças Mauro Ricardo sugerindo seu arquivamento, mas isso ocorreu apenas em fevereiro de 2013.
Para a prefeitura, Barcellos "gozava de prestígio" na época, sem indícios que pudessem comprometê-lo. 

E o texto do "outro lado", o contraditório, logicamente editado em posição secundária à "bombástica" denúncia:

A assessoria de imprensa da gestão Fernando Haddad (PT) afirmou que não havia indícios que comprometessem Eduardo Barcellos quando ele foi requisitado pelo secretário Antonio Donato para a pasta do Governo.
"A atual administração não tinha conhecimento de que a cúpula da Secretaria de Finanças da gestão anterior, de oito anos, poderia estar envolvida em um processo de enriquecimento ilícito e desvio de recursos dos cofres municipais. Até a verificação dos indícios, os servidores presos gozavam do prestígio de terem participado do gabinete do secretário Mauro Ricardo", afirma a nota.
Segundo a prefeitura, Donato solicitou a transferência do auditor para sua pasta a pedido de Barcellos, que havia sido exonerado do cargo de diretor de Arrecadação da Secretaria de Finanças.
Segundo a gestão Haddad, só "a partir de abril deste ano, com o cruzamento das informações da investigação patrimonial dos servidores, promovida pela Controladoria Geral do Município, ficou patente que ambos [Barcellos e Ronilson Rodrigues] eram suspeitos de irregularidades".
A prefeitura afirma ainda que o ex-secretário Mauro Ricardo já havia recomendado em 28 de dezembro o arquivamento da denúncia contra Barcellos --que acabou efetivado só em fevereiro de 2013.
A nota afirma ainda que Barcellos nunca ocupou cargo de confiança na Secretaria de Governo.
"Ele permaneceu sem função específica naquela secretaria, enquanto alegadamente buscava um cargo de confiança em outra pasta."
O secretário Antonio Donato, afirma a nota, conheceu tanto Barcellos como Ronilson Bezerra na Câmara, como vereador pelo PT.
"Ambos faziam a interação da gestão anterior com a Câmara Municipal, em geral, e com a Comissão de Finanças daquela casa, em particular."
De acordo com a prefeitura, os dois auditores "gozavam de prestígio na administração anterior".
Ela diz que o deslocamento de Barcellos não foi publicado no "Diário Oficial" porque esse tipo de transferência de pasta não requer isso. 

Só mais uma observação. O segundo parágrafo da notícia, aquele que situa o local onde ficava o tal suspeito, exemplifica toda a canalhice desse tipo de "jornalismo":
A sala ocupada pelo secretário petista fica no mesmo andar do gabinete do prefeito Fernando Haddad (PT), por onde passam as principais decisões da administração.
O sujeito era mesmo poderoso, deveria ter influência direta nas decisões do prefeito, quem sabe até fosse seu conselheiro secreto, ou mais, o Cardeal Richelieu que manobrava nas sombras todo o poder de Luís XIII, quer dizer, de Fernando Haddad.
Haja paciência para tanta imbecilidade!





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