domingo, 14 de julho de 2013

Protestos e democracia: para Dilma, tudo a ver

Mídia em geral e Globo, em particular, foram alvo dos manifestantes
(Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)

A presidenta Dilma Rousseff fez declarações importantes na noite de quinta-feira (11), em Montevidéu, onde foi participar de reunião de cúpula do Mercosul. Ao comentar as manifestações de protesto que têm ocorrido no Brasil, disse que elas têm de ser respeitadas, porque reivindicar direitos sociais e querer mais "é algo muito positivo para a democracia”. 
Dilma criticou, no entanto, as interrupções de rodovias e os atos violentos que, em sua opinião, precisam ser condenados e coibidos pelo governo. “Nós contamos também com o Judiciário, para multar aquelas organizações e aquelas entidades que paralisam estradas porque o direito de ir e vir é fundamental. É um direito democrático”, disse.
Ela acha que o governo deveria acelerar as reformas para atender as demandas da população. "Precisamos de melhor serviço no Brasil”, afirmou. 
Lembrou que, nos últimos dez anos, o país “avançou de forma expressiva” e que essas conquistas “vieram para ficar e não serão de nenhuma forma abaladas”. Segundo ele, cabe agora “aumentar os direitos sociais”.
O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, que acompanha a presidenta na viagem a Montevidéu, e cada vez ocupa mais as funções de chefe da Casa Civil, também criticou o bloqueio de estradas porque “prejudica a vidas das pessoas e não constrói nada – não gera mais democracia, nem mais direitos sociais”. 
Ele disse que as manifestações precisam ser respeitadas, mas os manifestantes também precisam respeitar os direitos dos outros. “Isso faz parte do amadurecimento e acho que está cada vez mais sólido”. Mercadante acha que os protestos estão “mais moderados”. 
Dilma e Mercadante deram a entrevista no mesmo momento em que o Dia de Lutas promovido pelas centrais sindicais se encerrava, de certa forma de maneira melancólica: embora as manifestações tenham afetado relativamente o dia a dia de algumas capitais, elas não empolgaram a população em geral.
Foram mais para "inglês ver", ou seja, para sair no noticiário dos jornais. 
As bandeiras de luta dos sindicalistas são inteiramente justas.
Talvez as manifestações ajudem a abrir mais os canais de comunicação com o governo federal. 
O perigo, porém, é transformar reivindicações legítimas em meros atos de protesto contra um governo que tem continuado o processo de transformação do Brasil numa sociedade mais justa e igualitária e em palanque eleitoral para oportunistas, como o deputado Paulinho da Força (PDT-SP), que controla há anos a segunda maior central sindical do país.
A presidenta Dilma, de todos os políticos da situação e da oposição, foi quem reagiu com maior sensibilidade às "vozes da rua", tendo a coragem de propor uma reforma política radical, por meio de um plebiscito.
Para quem a acusava de ser apenas uma "gerentona", sua proposta revelou uma notável sensibilidade política, e por isso mesmo é que foi bombardeada pelos conservadores, esses que, como o príncipe Falconeri, do extraordinário "O Leopardo", de Lampedusa, querem mudar tudo para que tudo fique exatamente como está.
Suas declarações em Montevidéu vão no âmago da questão: querer mais é positivo para a democracia.
O único problema é que, no Brasil, existem poderosos interesses que lutam diariamente contra a democracia. (Com informações da Agência Brasil)

2 comentários:

  1. Sobre esse tal dia de luta, apesar da justeza das reinvincações, achei por demais inopotuna.
    A Conlutas não representa ninguém - nem os sindicalizados em suas bases.
    A Força e a UGT, além da insignificância representativa, têm interesses escusos na desestabilização do governo. Dar palanque para esses caras, num momento conturbado como esse, me parece uma latada.
    Resta a CUT, cujo adesismo é digno de crítica faz tempo. Como não se move há anos, está longe da realidade das ruas.
    No fim das contas, ficou uma comparação amarga, parecendo que a direita pelo facebook tem mais capacidade de mobilização do que movimento dos trabalhadores.

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  2. Inventaram um feriado ontem. Os pelegos foram para as ruas e a classe média facebook aceitou não trabalhar e descansar.

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