Nas terças-feiras, o supermercado Ciamdrighi, em Serra Negra, vende, promocionalmente, o quilo do pão francês a R$ 2,99. Seu preço normal lá é de R$ 3,99. Nas padarias da estância turística, localizada a 160 quilômetros de São Paulo, capital, não se encontra o produto por mais de R$ 7. Na metrópole, ele não sai por menos de R$ 10.
O pãozinho francês é apenas um exemplo de que os preços em São Paulo, capital, estão absurdamente elevados, não por causa de maior demanda ou oferta menor, e simplesmente porque grande parte dos comerciantes e prestadores de serviço da cidade são mais gananciosos que o normal.
O corte de cabelo masculino em Serra Negra custa R$ 10. Em São Paulo, outro dia, paguei R$ 45 pelo serviço, que demorou cerca de 10 minutos, pois, afinal, se há uma coisa que falta em mim é cabelo.
Um bom almoço nos inúmeros restaurantes centrais da estância sai por volta de R$ 15 - um bufê bem servido, para todos os gostos.
Um cafezinho custa R$ 1,50.
O metro quadrado dos imóveis - excelentes apartamentos construídos há cerca de 20 anos, com dependências grandes, completamente fora do padrão paulistano minúsculo; casas sólidas, em terrenos vastos - sai por volta de R$ 2.000.
As lojas da rua Cel. Pedro Penteado, o shopping center a céu aberto da cidade, exibem roupas de todos os tipos, o forte do comércio local, a preços que são, mal comparando, metade dos de produtos equivalentes na capital.
Parece outro mundo - e, na realidade, é mesmo.
É um mundo no qual os seres humanos não foram contaminados pela cobiça, embora queiram, como qualquer pessoa, lucrar com seus negócios.
É um mundo normal.
Aos amigos de lá, comentei que estava saudoso da comida do restaurante Dona Elza, a poucos quilômetros do centro, num sítio ao lado da estrada para Amparo.
- Fechou - me responderam.
- Mas por que, se era tão bom? - perguntei.
- Ah, estava ficando muito caro - foi a resposta.
- O bufê já estava custando uns R$ 50 - completaram.
R$ 50 por aquele comida, aquele ambiente, aquela tranquilidade...
E eles acham isso caro...
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