domingo, 20 de janeiro de 2013
Pobre São Paulo
"Quando 170 mil crianças estão sem creche na cidade mais rica do país, a gente percebe que algo está errado. Quando a diferença dos indicadores entre as regiões mais ricas e mais pobres chega a dezenas, centenas e milhares de vezes, a gente percebe que algo está errado. Quando apenas 1% do lixo da cidade é reciclado, quando haveria oportunidade de trabalho para a população na reciclagem, a gente percebe que algo está errado. Quando temos dois grandes rios passando pela cidade de São Paulo que hoje são esgotos a céu aberto, algo está errado. Quando 91% da população se sente insegura, algo deve estar errado. Quando nos postos de saúde as pessoas esperam dois meses para serem atendidas por um médico, e tantos morrem no meio do caminho, algo está errado. A cidade quer mudança."
Quem disse isso foi o coordenador-geral da ONG Rede Nossa São Paulo, Oded Grajew, ao apresentar, na quinta-feira, os resultados da 4ª pesquisa sobre o nível de satisfação dos paulistanos com a cidade, que revelou que os paulistanos atribuem nota média de 4,7 para a qualidade de vida na metrópole – numa escala de 1 a 10 e onde o ponto médio da escala é 5,5. "É o menor indicador que tivemos desde o início da avaliação", afirmou Márcia Cavallari, CEO do Ibope, durante a apresentação da pesquisa.
A situação da cidade é tão ruim que apenas 4 dos 26 itens/áreas em que se dividiu o levantamento foram aprovados pela população: relações humanas (média 6,5), religião e espiritualidade (6,0), tecnologia da informação (5,8) e trabalho (5,8). Na rabeira estão a transparência e participação política (3,5), acessibilidade para pessoas com deficiência (3,8), desigualdade social (3,8), transporte/trânsito (4,0), segurança (4,0) e cultura (4,0).
Segundo Márcia Cavallari, a grande maioria dos indicadores piorou na comparação com os anos anteriores. "Dos 169 itens pesquisados, temos hoje 82% avaliados com média inferior a 5,5", disse. "Acima [de 5,5], ficaram 17% dos itens". No ano passado, os itens que receberam nota acima da média representavam 22%.
A pesquisa revela algo que qualquer morador da cidade percebe no dia a dia: a deterioração contínua da infraestrutura, dos serviços públicos e das relações pessoais em São Paulo.
São anos e anos de desgovernos, de descaso e incompetência.
Tudo somado, o resultado é esta tragédia que é morar numa cidade onde tudo é caro, onde tudo funciona precariamente, onde uma chuva mais forte provoca o caos, onde a violência dita as normas de conduta cotidiana, onde grande parte das pessoas obedece com extraordinária dedicação a Lei de Gerson, aquela que diz que o importante é levar vantagem em tudo.
Pobre São Paulo.
Pobre de nós.
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Assino embaixo, Motta.
ResponderExcluirAbraços! (LAP)