quarta-feira, 2 de janeiro de 2013
Erro trágico
O jornal O Globo publicou uma nota dizendo que a presidente Dilma Rousseff não quer que haja no Brasil nada parecido com a "ley de medios" argentina, ou seja, que para ela a legislação sobre os meios de comunicação deve continuar como está, essa bagunça que permite que a informação, esse bem essencial para a democracia, permaneça, entre outras aberrações, nas mãos de um oligopólio formado por meia dúzia de famílias.
Como não houve desmentido da nota, a gente supõe que ela seja mesmo verdadeira. E, com essa constatação vem um sentimento de total perplexidade: afinal, até agora, a julgar pela sua trajetória política e de vida, a presidente Dilma Rousseff dava a impressão de ser uma pessoa com inteligência suficiente para perceber o quanto é frágil o seu poder com os meios de comunicação sendo o que são no Brasil - meros propagadores de uma ideologia extremamente reacionária, totalmente contrária aos ideais do PT, o partido da presidente.
Dilma talvez pense que mexer nesse vespeiro agora, com o Brasil enfrentando tantos problemas, não seja recomendável.
Se realmente acha isso, está redondamente enganada, pois muitos dos problemas do país têm como origem justamente os meios de comunicação.
Permitir que parlamentares controlem emissoras de rádio e televisão, por exemplo, é uma das mais sérias anomalias do sistema.
Como também faz extremamente mal para o regime democrático deixar que um grupo seja dono de jornais, emissoras de rádio e de televisão e de portais na internet.
Ou então permitir que as concessões se transformem em puro negócio, sem nenhum controle, e sejam vendidas ou arrendadas a qualquer picareta, como esses tantos "religiosos" que montam e desmontam "igrejas" como se fossem barracas de pastel.
Informação é algo sério demais para ficar do jeito que está.
Se o pessoal do PT e seus aliados não conseguem perceber que o setor de comunicação precisa de uma nova regulamentação, contemporânea e em linha com a que existe no mundo civilizado, eles bem que merecem o destino inevitável que os aguarda: em pouco tempo serão trocados, com a ajuda inestimável desse oligopólio, pela turma que prefere ver o Brasil ser governado a partir de uma casa grande que controla uma imensa senzala.
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Talvez o pessoal do PT perceba essa necessidade de regulamentar os meios, mas seja muito difícil e arriscado fazê-lo agora. Quando se compara o Brasil com os vizinhos do Cone Sul, reparo que o período autoritário durou vinte anos a fio aqui, graças a um forte sistema de apoio e covalidação exercido pelos meios. O mesmo se deu com as reformas neoliberais. Temos que manter a campanha e a pressão, mas sem gás o balão não sobe. O gás (ou o calor que o aquece) somos nós que temos que forncecer. A velha e esquecida questão da correlação de forças parece ser sempre negligenciada.
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