sábado, 12 de janeiro de 2013

É tudo lobby


Numa sociedade democrática os lobbies são coisa normal - cada um busca o melhor para si. Nos Estados Unidos, se não me engano, o lobby é até regulamentado, ser lobista é uma profissão como outra qualquer. 
No Brasil, o lobby não funciona assim. Ele é muito mais dissimulado e amplo do que a gente imagina. Não é feito às claras, usa de meios que, se não são ilegais, são, no mínimo imorais.
Os jornalões, seja porque têm profundas limitações profissionais, seja porque trocaram o exercício do jornalismo pelo engajamento político-partidário, não se cansam de fazer lobbies para determinados grupos empresariais - muito bem disfarçados, é bom destacar.
Sem pensar muito, lembro de dois casos flagrantes: a sistemática campanha de desmoralização do Enem e de outros mecanismos de democratização do ensino superior, e do trem-bala previsto para ligar Campinas ao Rio, passando por São Paulo.
Neste ano, o Sisu teve mais de 1,8 milhão de inscritos. Ele oferece vagas em instituições de ensino superior federais para participantes do Enem. Neste ano são oferecidas cerca de 129 mil vagas em 3.752 cursos de 101 instituições. O número de inscritos neste ano é recorde. Em 2012, o Sisu teve 1.757.399 de inscrições.
O sucesso do Enem, do Sisu, do ProUni, é inversamente proporcional aos interesses das "Uniesquinas" que infestaram o país a partir do governo FHC. Também acaba com o lucrativo comércio dos cursinhos.
Já o trem-bala vai reduzir pela metade, no mínimo, a procura pelos voos da ponte-aérea São Paulo-Rio, duopólio defendido a ferro e fogo por TAM e Gol.
Esse são apenas dois exemplos de como o lobby funciona no Brasil: é só abrir as páginas dos jornalões ou ler as notícias dos grandes portais da internet para perceber que o que deveria ser informação é pura e simplesmente propaganda disfarçada.
E se isso acontece na imprensa, fico imaginando como serão as coisas em outras freguesias.
Pensando bem, é melhor nem imaginar.

Um comentário:

  1. O que dizer do recente risco de apagão de energia propagado pela imprensa? Quem instilou e fez o lobby na imprensa já devia estar na ponta compradora das ações da Cemig, Eletropaulo e Eletrobras. Estas chegaram a cair até 10%. E agora voltaram ao normal. Quem é do setor já sabia que não há risco de apagão de energia ou de gás.
    No dia 10 foi a Veja que em seu site anunciou a fusão do Santander e Bradesco. Prontamente desmentido pelos dois bancos. Mas só os 22 minutos que essa notícia ficou no site fez as ações do Santander subirem quase 5%. Se isso é crime? Não sei. Mas a irresponsabilidade da imprensa é enorme. Se for crime, basta aplicar aquela velha máxima: siga o dinheiro e se descobrirá quem está por trás disso.

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