terça-feira, 18 de dezembro de 2012
O julgamento não acabou
O julgamento político e de exceção da AP 470 chegou ontem, segunda-feira, a um fim melancólico, com o voto do ministro Celso de Mello a favor da cassação dos mandatos dos parlamentares condenados - um voto que é uma volta ao passado sombrio da ditadura militar, período em que os poderes eram apenas meros fantoches a se mover sob o controle de um Executivo absoluto.
Desta vez foi o Judiciário que se intrometeu onde não pode ir, ou seja, nas atribuições do Legislativo. E os ministros fizeram isso com uma arrogância, com uma prepotência tal, que parece mesmo que eles se atribuíram a tarefa impossível de dar a palavra final a tudo, mesmo àquelas questões sobre as quais não têm nada a dizer pelo simples motivo de que elas não são da sua conta.
Mas agindo dessa forma, atropelando o bom-senso jurídico e a própria lógica comum, os ministros do Supremo escancararam os motivos que os levaram a ser tão duros em suas sentenças.
Aquilo não foi um julgamento.
Foi apenas um espetáculo grotesco de alguns representantes da mais odiosa oligarquia nacional, uma das mais reacionárias forças do planeta Terra, encenado para criminalizar e humilhar forças políticas-partidárias que representam tudo o que é contrário aos seus objetivos - o mais imediato de todos, claro, é apear esse bando de "lulopetistas" do Planalto.
O lado bom de toda essa tragédia é que ela ainda não terminou.
Em breve, tão logo as dores excruciantes provocadas pelos torniquetes das máquinas de tortura se aliviem, haverá, certamente, a resposta dos injustiçados.
Ninguém sabe ainda como ela será, apenas que virá.
O Brasil, todos sabem, está muito longe de ser a democracia que a ampla maioria da população almeja. Apesar disso, as mudanças que aqui ocorreram nesta última década já foram suficientes para fazer fissuras na estrutura centenária de dominação montada pela oligarquia.
Uma pequena fissura, por enquanto.
Que pode virar um largo talho capaz de permitir que as águas represadas do curso da história avancem e tomem conta do lugar que é seu.
A reação virá.
É só uma questão de tempo.
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