terça-feira, 4 de setembro de 2012

O Brasil real ignora o oficial


O que mais me irrita nesse julgamento do tal mensalão não é nem a sacanagem de ele ser um jogo de cartas marcadas, totalmente viciado para dar o resultado que a "opinião publicada" espera. Afinal, ela já julgou e condenou os réus. Falta apenas a ilustríssima bancada dos doutos e sábios juízes sacramentar o embuste e aplicar as penas.
Bem, já desconfiava que isso iria mesmo acontecer faz algum tempo, desde quando começou a discussão sobre quando o julgamento deveria se iniciar.
A pressa para que ele coincidisse com as eleições não deixou nenhuma dúvida sobre o rumo que iria tomar.
Mas, como dizia, o que me deixa mais p da vida com esse julgamento é o fato de que, com aquele blá-blá-blá todo, aquela enrolação linguística infantil, aquele insuportável linguajar pedante e nebuloso, os ministros do Supremo Tribunal Federal vão dando para alguns a impressão de que são mesmo o suprassumo da inteligência e da luminosidade, uma reunião de gênios da raça, o verdadeiro e puro conselho de notáveis que vai mudar, definitivamente, os rumos do país, que vai varrer, com a força de suas sentenças, a corrupção para bem longe de nossa sociedade.
Aquele pessoal, com aquela capinha ridícula sobre os ombros, a expressão de tédio, o ar blasé, a fala invariavelmente devagar, empolada e artificialmente articulada, o pedantismo explícito, verdade seja dita, está enganando muita gente.
Se bem que, às vezes, algum deles sai do roteiro e solta uma pérola, um "caco" fora do roteiro...
Mesmo assim, insuficiente para estragar um espetáculo que foi muito bem ensaiado durante meses e meses, anos e anos, décadas e décadas.
Não tem erro: os atores podem ser medíocres, rastaqueras, até mesmo bufões, mas o enredo é tão velho, tão conhecido, tantas vezes repetido, que dificilmente eles deixarão de impressionar a diminuta plateia que pode se dar ao luxo de perder tempo assistindo a tal pantomina.
Como diz Ariano Suassuna, esse sim um sábio, a nossa sorte é que o Brasil real ignora o Brasil oficial.

2 comentários:

  1. Em qualquer lugar do mundo socialmente desenvolvido a suprema corte funciona assim. Isso faz parte do chamado jogo democrático. Em outros países -- aqui do lado -- o sistema é outro, são chamados para compor a corte os amigos do rei. Já pensou um STF composto apenas de Toffolis?

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  2. Honorável amigo Motta, a patuléia nem sabe que existe esses 11 sei lá o quê, na verdade, como diz Ariano Suassuna, esse sim um sábio, a nossa sorte é que o Brasil real ignora o Brasil oficial.

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