quinta-feira, 20 de setembro de 2012
Margem de erro
É incrível como a vida pode ser simples para alguns. Os institutos de pesquisa, por exemplo. Pensei nisso depois de ver os últimos dados do Datafolha sobre a eleição paulistana. Como não tinha pensado nisso antes? Está ali, nos nossos olhos, o segredo da felicidade, o bálsamo capaz de nos livrar de todas as nossas dores, uma coisinha simples e realmente poderosa: a margem de erro.
Todo mundo sabe como ela funciona: três para cima, três para baixo, e tudo está resolvido. Nosso candidato não está tendo o desempenho que queremos? Tranquilo, basta aplicar uma boa dose de margem de erro nele e o problema acabou, o preferidíssimo volta a ficar bonito na fita.
Se alguém desconfiar que está havendo alguma mutreta, é só replicar com o argumento da margem de erro: ele está na frente, mas pode estar empatado ou até mesmo atrás do outro candidato, a margem de erro explica qualquer fenômeno.
Mas é uma pena que a margem de erro seja usada tão pouco neste nosso mundão velho de guerra. Eu, com certeza, seria um cara bem mais alegre, bem mais sorridente, dormiria bem melhor, se também pudesse usar a margem de erro em algumas situações.
O futebol é um bom exemplo de como a margem de erro corrigiria várias injustiças.
Vejam só o caso de meu time de coração, o Palmeiras, na vice-lanterna do Brasileirão. Quantos jogos ele não perdeu porque a bola não entrou por centímetros, porque a maldita bateu na trave? Na margem de erro, o Palmeiras poderia ter vencido várias partidas - e não estaria na iminência de cair para a Segundona.
Ou então, se a margem de erro tivesse funcionado naquele bolão da megassena que fizemos no fim do ano, eu poderia agora estar ajudando, com os milhões que teria ganho, o Palmeiras a contratar algum craque que fizesse os gols que faltam para o time.
Essa margem de erro realmente é poderosa.
Revigorou várias carreiras, impulsionou ao estrelato vários canastrões, fez renascer um bando de zumbis, enganou um monte de tolos e ganhou muito dinheiro para o seleto grupo que tem o poder de controlá-la.
Acho que, daqui para a frente, vou apelar para a margem de erro sempre que perceber que fiz alguma bobagem. Na margem, qualquer erro vai ser um acerto - nossa, como sou esperto!
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Boa ideia Carlos, quando eu chegar em casa com a cara borrada de batom, vou dizer para a patroa que a culpa é da margem de erro! Vai que cola?!
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