sexta-feira, 10 de agosto de 2012
Universidade para os pobres
A presidente Dilma Rousseff pode contribuir para um extraordinário avanço na luta para acabar com as desigualdades e injustiças que mancham o nome do Brasil. Basta sancionar o projeto de lei aprovado pelo Senado, na terça-feira, que institui cotas sociais e raciais para as universidades e os institutos públicos federais. O projeto foi discutido por 13 anos no Congresso Nacional. Dilma deverá sancioná-lo, e, segundo a relatora do projeto, senadora Ana Rita (PT/ES), “o próximo vestibular já deverá ter cotas”.
Com a lei, nas seleções para graduação nas universidades e graduação e nível médio/técnico nos institutos federais, deverão ser reservadas 50% das vagas - por curso e turno - para alunos de escolas públicas. Dessas, 25% serão preenchidas por candidatos de famílias que tenham rendimento mensal abaixo de 1,5 salário mínimo per capita. Segundo o projeto, as vagas das cotas também deverão ser preenchidas de acordo com a distribuição por raça e cor do censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em cada Estado.
Claro que já apareceram os críticos ao projeto. Alguns deles dizem que a lei vai ferir a autonomia universitária e que caberia às universidades decidirem as suas políticas de inclusão social. Outros se apegam até ao conceito de raça para desqualificar a iniciativa.
Argumentos desse tipo podem ser até interessantes se o país fosse uma maravilha do Primeiro Mundo. Infelizmente, a realidade brasileira é outra. Aqui, os pobres ainda são maioria, e entre eles os negros, imensa maioria. Não dá mais para perder tempo com discussões que apenas retardam a solução dos nossos gravíssimos problemas sociais. É preciso dar sequência à revolução educacional iniciada pelo governo Lula, que tem realmente democratizado o ensino universitário.
Contra o projeto estão também os de sempre: os partidos políticos que foram defenestrados do poder em 2002 e até hoje sonham em voltar ao Palácio do Planalto para interromper esse ciclo de avanços sociais e econômicos do país. Para essa turma, qualquer iniciativa que beneficie os pobres e os negros - ou qualquer minoria - é tachada de "populista".
Nesse sentido, reservar metade das vagas das universidades federais para quem está lá embaixo da pirâmide social é algo semelhante a uma blasfêmia.
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Lúcido e objetivo! Ema Ivanira Pelegrini
ResponderExcluiro projeto pode ser muito bonito "socialmente", mas tenho dúvidas se vai dar certo e se vai melhorar a qualidade do ensino universitário, o que também é fundamental e se isso não agride a tão importante autonomia universitária. Não sou contra as cotas sociais, acho que os estudantes que estudam escolas públicas devem sim ter seu espaço dentro da universidade pública, é uma questão de justiça e inclusão social. Além do mais, há de se pensar também nas famílias de classe média que muito esforço fazem para fazer o investimento de colocar seus filhos em escola privada, sendo que essas vagas serão mais limitadas ainda e a competição vai aumentar. O projeto não é isonômico, mas o Brasil também não é um país isonômico e temos que vencer certas barreiras, a dúvida é se beneficiando excessivamente um lado a injustiça não vai permanecer.
ResponderExcluirTalvez em 5 anos comecemos a mudar o quadro social do País defitivamente, afinal, até pouco tempo atras pobre só entrava em universidades federais para fazer trabalho braçal e os estacionamento destas instituições viviam lotados de carros de alunos vindo de escolas particulares e que portanto tinham como pagar pelo curso.
ResponderExcluirAloysio Nunes (PSDB), foi o único que votou contra cotas nas universidades federais | Os Amigos do Presidente Lula - http://goo.gl/BtK8V
ResponderExcluirMotta, tudo bem?
ResponderExcluirEstou repassando para todo mundo que posso o link para minha postagem mais recente (http://ji.pe/escolainterlagos), sobre o fechamento da Escola de Mecânica do autódromo de Interlagos. Ela foi criada na época da Luiza Erundina e, por ali, já passaram mais de 3.000 alunos. Muitos deles estão empregados em fábricas, oficinas e equipes de competição. Ainda vou escrever mais sobre o assunto.
Se você achar que interessa, por favor passe adiante. Fica claro que Kassab quer acabar com Interlagos para lotear a área para condomínios, como já aconteceu com o autódromo de Jacarepaguá, no Rio.
Abraços! (LAP)
Motta, tudo bem?
ResponderExcluirEstou repassando para todo mundo que posso o link para minha postagem mais recente (http://ji.pe/escolainterlagos), sobre o fechamento da Escola de Mecânica do autódromo de Interlagos. Ela foi criada na época da Luiza Erundina e, por ali, já passaram mais de 3.000 alunos. Muitos deles estão empregados em fábricas, oficinas e equipes de competição. Ainda vou escrever mais sobre o assunto.
Se você achar que interessa, por favor passe adiante. Fica claro que Kassab quer acabar com Interlagos para lotear a área para condomínios, como já aconteceu com o autódromo de Jacarepaguá, no Rio.
Abraços! (LAP)