sábado, 1 de setembro de 2012

Serra, fim de carreira

Serra: decadência, rejeição, falta de votos
(Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)
Antigamente, o eleitorado conservador de São Paulo achava Maluf o máximo. Não havia um taxista que não fosse, pelo menos informalmente, seu cabo eleitoral. Quando a coisa apertava, e os argumentos contra o político parido na ditadura eram fortes demais para serem rebatidos, o motorista apelava para o velho "é, ele rouba, mas faz".
O tempo passou, o país mudou, e até os reacionários, quem diria, viram que não dava mais para apoiar incondicionalmente o modo de governar de Maluf e sua turma, esse que põe no mesmo balaio, ou melhor, no mesmo cofre, o dinheiro público e o privado.
Maluf foi, aos poucos, escanteado, trocado por gente mais "moderna", como os tucanos pareciam ser: afinal, nasceram como uma dissidência mais à esquerda do PMDB.
José Serra, esse mesmo candidato a prefeito que quase a metade dos eleitores paulistanos diz que não votaria de jeito nenhum, foi um dos políticos mais beneficiados com o ocaso de Maluf.
Herdou grande parte de seu eleitorado.
Virou a consciência e a voz da direita que se julga civilizada - como se isso existisse...
Conseguiu ser senador, prefeito e governador e até mesmo concorrer, duas vezes, à presidência, mas seus métodos de fazer política, que ignoram as mais básicas noções de ética, a sua arrogância, o seu distanciamento do povo, a sua megalomania, todo esse conjunto de fatores deletérios, foram minando a sua imagem entre seus próprios companheiros e entre o seu eleitorado.
O resultado é isso o que se vê hoje: os marqueteiros de Serra chegaram ao cúmulo de fazer uma campanha em que o candidato é substituído por bonecos, tal é o medo que a sua imagem possa tirar ainda mais votos dele.
Serra vive hoje o mesmo processo de erosão experimentado por Maluf.
Ninguém mais aguenta sequer ouvir a sua voz repetindo meia dúzia de bordões como se fossem verdades inquestionáveis, descobertas sociológicas e econômicas impressionantes.
Ninguém comenta mais os artigos que escreve para o Estadão - a Folha, que o acolheu durante anos e anos, parece ter percebido já há algum tempo que ele não dava mais audiência.
Tudo indica que esta campanha eleitoral será o réquiem de Serra, o seu enterro político, o seu fim.
Os partidos que sempre se opuseram a ele e à sua maneira de fazer política, especialmente o PT, poderão, finalmente, cantar vitória por ter conseguido tirar tal personagem de cena.
Resta saber quem o substituirá, já que mesmo os seus velhos correligionários não mais o suportam e tampouco fazem a menor questão de ajudá-lo neste momento.

2 comentários:

  1. Diziam isso do Mitterrand, o eterno candidato, e depois ele colocou a rosa vermelha nos Eliseus.

    E o Serra está parecido com o Mitterrand.

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  2. Paz e bem!
    .
    Maia:
    .
    1 Algumas diferenças entre Mitterrand e Serra:
    1.1 Tempo: Miterrand tinha 65 anos ao chegar ao Palais de l'Élysée, Serra já tem 70 anos -- não é impossível, mas difícil.
    1.2 Mitterrand não parece ter humilhado tantos; já o Serra... é só lembrar o café solitário do Alkimin quando candidato à Prefeito de SP, hoje o humilhado é Governador e no mínimo pode impedir os sonhos de Serra.

    2 Me parece que os Tucanos estão prontos para seguir o conselho da Sª Campan: "Meus filhos, enquanto um homem estiver no ministério, adorem-no; se cair, ajudem a arrastá-lo pelas ruas" (Apud BALZAC, H. Eugénie Grandet. Porto Alegre : L&PM, 2006. P. 133).

    3 Por fim a queda de Serra me parece que será benéfica ao próprio conservadorismo, que ficará livre para contruir outras respostas conservadoras.

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