quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Elogio à loucura


O relatório da ONU-Habitat sobre as cidades latino-americanas é devastador para o Brasil, mas não acrescenta muita coisa ao que todos já sabíamos: a desigualdade, em se tratando de distribuição de renda, continua enorme no país, que só perde, nesse quesito, para Guatemala, Honduras e Colômbia.
Apesar de tudo, o Brasil avançou bastante nessa área nos últimos anos: em 1990, era o campeão absoluto da região.Também conseguiu reduzir a pobreza: o número de pobres e indigentes caiu de 41% da população, em 1990, para 22% em 2009.
Os números mostram que os governos Lula e agora o de Dilma acertaram em investir em políticas sociais. Não fosse pelo Bolsa Família, pelos aumentos consistentes do salário mínimo, pela valorização do mercado de trabalho e do consumo internos, o país estaria hoje ainda pior do que no início da década de 90, quando aqui reinavam absolutos os neoliberais comandados pela tribo tucana.
Outro dia, um desses analistas bobocas da Folha escreveu um artiguete que se intitulava, se não me engano, "Só o capitalismo salva", a propósito da rodada de concessões que o governo Dilma quer promover, a começar pelas estradas e ferrovias.
Apesar de todo o respeito pelas opiniões alheias, acho incrível como ainda há gente que tem a coragem de defender esse modelo econômico que desgraçou o Brasil e tantas outras nações. A Europa e os Estados Unidos passam por uma crise imensa, que afeta o mundo todo, causada justamente pelo excesso de capitalismo, pela desregulamentação desbragada dos mercados, e vem um sujeito desses apregoar as suas "virtudes"...
Ora, ou é ingenuidade ou simplesmente, má-fé.
Um fato interessante do estudo da ONU-Habitat é que o país menos desigual da América Latina é a Venezuela de Hugo Chávez, que a turma neoliberal e os jornalões tanto ridicularizam e demonizam.
Ao comentar essa notícia no trabalho, ouvi de um jovem colega que isso ocorria porque a Venezuela socializava a pobreza e que ele preferia países que tivessem mais pessoas ricas - ou menos pobres. Que preferia, enfim, a desigualdade.
Nem precisei abrir a boca para contestar esse absurdo. Outro colega, também jovem, fez uma explanação concisa, porém enfática, dos males que a desigualdade social - e econômica - causa numa sociedade.
Pena que o analista da Folha que endeusa o capitalismo não estivesse ali naquele momento. Acho que ele dificilmente mudaria sua visão de mundo, mas certamente pensaria duas vezes antes de resolver expô-la ao público, pois até os mais cínicos têm medo do ridículo.

3 comentários:

  1. Grande Motta. Nunca perde verve, o elã. Nem a elegância.Para pensantes, muito bom seu "Elogio à loucura".

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  2. Pedrinho, assim você me constrange...
    Grande abraço,
    Motta

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  3. Dois posts seguidos sem falar dos servidores públicos, "record" este mês!!!!!

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