terça-feira, 17 de julho de 2012

O bicho não é tão feio assim


Cento e dez por cento dos tais analistas econômicos dizem agora que se abriram as portas do inferno para o Brasil. Veem tudo errado, anunciam o Apocalipse, fazem soar as trombetas do Juízo Final. Se depender do que escrevem, o país está quebrado, a indústria destruída, o comércio às moscas, a população vagando a esmo pelas ruas, sem emprego, vivendo sabe-se lá como. O fato, porém, para desgosto profundo dessa turma, é que o Brasil pode estar passando por algumas dificuldades momentâneas, mas está muito longe desse cenário que tais aves de rapina apresentam.
Um exemplo de como as coisas não estão tão ruim como são apresentadas é o último Índice ABCR (Associação Brasileira de Concessionários de Rodovias), entidade que não tem por que mentir, que mede o fluxo de veículos nas estradas pedagiadas. A lógica é simples:  mais caminhões, ônibus e carros transitando pelas rodovias é sinal de que a economia vai bem. Assim, segundo o tal índice, em junho o movimento nessas rodovias aumentou 0,6% em comparação com o mês anterior, considerando os dados dessazonalizados.
"O resultado dos veículos pesados em São Paulo puxou o desempenho da movimentação total, que também é afetada, por outro lado, pelos números negativos do Paraná e do Rio Grande do Sul”, diz Rafael Bacciotti, economista da Tendências Consultoria, responsável pela pesquisa.
O fluxo de pesados subiu 1,0% em junho ante maio. “Apesar deste crescimento pontual, a tendência ainda é de estabilidade, refletindo o comportamento da indústria e do agronegócio”, diz Bacciotti. Segundo ele, apear da percepção de estagnação da atividade industrial - a demanda externa está mais fraca, o estoque continua alto em alguns setores e ainda há incerteza no cenário econômico internacional -, “é possível que as medidas adotadas pelo governo, como redução de IPI e destravamento do crédito, possam reverter essa tendência nos próximos meses”.
A consultoria destaca que o consumo de energia elétrica, divulgado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), aponta para a mesma direção do índice ABCR, mostrando alta de 0,5% em maio diante junho.
A movimentação dos veículos leves mostrou elevação de 0,6% em relação a maio, em termos dessazonalizados. “O resultado de leves veio alinhado com o mercado de trabalho, com a renda e o emprego ainda crescendo e o desemprego em mínima histórica”, diz Rafael Bacciotti.
Em relação ao mesmo período de 2011, o índice total apresentou elevação de 1,8%. O fluxo de veículos leves cresceu 2,7% e o de pesados recuou 0,4%. Nos últimos 12 meses (acumulado de julho de 2011 a junho de 2012 sobre julho de 2010 a junho de 2011), o fluxo total teve expansão de 4,3%. Considerando essa mesma base de comparação, o fluxo de leves cresceu 4,4% e o de pesados, 4,1%.

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