quinta-feira, 28 de junho de 2012

Sempre os mesmos


Não só alguns "analistas" que atuam na imprensa ou são por ela solicitados para referendar opiniões que não podem ser escancaradas, mas certa parte da classe política brasileira aplaudiu o golpe que destituiu o presidente paraguaio Fernando Lugo. O interessante é que, entra ano, sai ano, o mundo dá voltas e mais voltas, mas essas pessoas permanecem fiéis aos seus instintos antidemocráticos e golpistas. São sempre os mesmos, saudosos do tempo em que podiam, impunemente, rasgar cartas constitucionais, afrontar os mais elementares direitos dos cidadãos e impingir a toda a sociedade seus desejos de poder.
Dois exemplos desse tipo de gente, que tem a cara de pau de sair a público para defender o golpe no Paraguai são a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), composta por 268 parlamentares, entre deputados e senadores, que oficializou na terça-feira apoio ao Congresso paraguaio em relação ao processo de impeachment do ex-presidente Fernando Lugo e ao novo governo paraguaio, e o PSDB, que soltou uma nota oficial sobre o tema. 
“A FPA é solidária ao Congresso paraguaio que, seguindo todo o rito, o processo legislativo e a Constituição daquele país, tomou uma decisão soberana, assim como o Brasil já fez no passado, e não quisemos aqui a interferência de outros países”, disse o deputado Homero Pereira (PSD-MT), presidente da entidade dos ruralistas, depois de se reunir com uma delegação de parlamentares paraguaios que veio ao Brasil pedir o reconhecimento da decisão do Congresso e apoio ao novo governo. 
O presidente da FPA informou que os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado paraguaios convidaram parlamentares brasileiros para uma visita ao país e ressaltou a integração entre as duas nações. 
Já a nota dos tucanos começa dizendo que "o PSDB assiste, com preocupação, à reação do governo brasileiro aos fatos ocorridos recentemente no Paraguai – a saída de Fernando Lugo da Presidência da República e sua substituição por Federico Franco". 
Depois, vai direto ao ponto: "Entendemos que, a despeito da velocidade do processo, não houve rompimento das leis do país, tampouco ataque à ordem vigente na nação vizinha. Tanto que o próprio Lugo reconheceu e aceitou a decisão do Legislativo, que também foi referendada pela Corte Suprema de Justiça do Paraguai. Diante deste quadro, acreditamos que o governo brasileiro age de maneira precipitada quando defende – ou mesmo implementa – sanções ao Paraguai na Unasul e em outras instâncias internacionais. A autodeterminação dos povos, princípio que rege as relações internacionais do Brasil desde que nos tornamos uma Nação independente, deve também prevalecer neste caso."
A seguir, faz absurdas comparações: "Chama-nos a atenção, além disso, a discrepância entre o tratamento concedido pelo governo brasileiro ao Paraguai e o destinado a nações como Cuba, Venezuela e Irã. Parece que, aos olhos do PT, a autodeterminação de uma população vale em alguns casos, e não em outros. O mesmo partido que chama de golpe a substituição de Lugo aplaudiu Lula quando seu líder ironizou as fraudes eleitorais no Irã, tratando as manifestações pela democracia no país asiático como 'briga de flamenguistas e vascaínos'. O PSDB respeita a decisão do Legislativo paraguaio e ressalta que defende a democracia em todas as nações."
De certa forma, é até bom que essa turma saia da toca para expressar os seus verdadeiros sentimentos democráticos. Assim, não resta dúvida nenhuma sobre quem eles são e o que pretendem.

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