Todos os idealistas, todos os éticos, veem nesse gesto da deputada o suprassumo da conduta política, o auge de uma carreira imaculada em defesa dos princípios do socialismo, ideologia que exige de quem a segue uma conduta comparada à de uma Madre Teresa de Calcutá.
Por outro lado, os nossos idealistas e éticos, ao exaltar o ato de coragem, destemor e desprendimento da deputada, tratam de sepultar o PT na mesma vala infecta onde se enterraram todos os outros partidos políticos do país - à exceção, claro de agremiações nanicas também idealistas e éticas, que nem por isso deixam de se aliar, não raras vezes, aos mais radicais representantes do conservadorismo pátrio. À direitona, enfim.
Muitos desses ético-idealistas são jovens ainda. É a esses, principalmente, que gostaria de lembrar um fato ocorrido há 19 anos, quando o país era governado por um senhor chamado Itamar Franco, que chegou ao mais alto cargo da República por ter se arriscado numa aventura como vice na chapa encabeçada por um tal de Fernando Collor de Mello.
Pois bem, naquele tempo o PT era idealista e ético, como esses tantos indivíduos que hoje louvam a deputada Luiza Erundina.
O PT foi oposição radical a Collor e continuou sendo a Itamar. Não fazia concessões em seu oposicionismo. Era pau puro, porrada em cima de porrada, não admitia nada que estivesse um milímetro fora de sua cartilha idealista/ética/socialista.
Até que Itamar, raposa velha, resolveu um belo dia jogar a isca para ver se o tal do PT era mesmo tudo isso que dizia. E, como quem não quer nada, convidou Luiza Erundina, que havia acabado de deixar a prefeitura paulistana, para fazer parte de seu ministério.
Foi um deus nos acuda nas hostes do idealista e ético PT, que fechou questão: nenhum de nós vai aceitar ser ministro do governo Itamar, que nós tão fortemente combatemos.
Mas a idealista e ética Luiza Erundina topou o convite e deixou os seus companheiros idealistas e éticos do PT na mão. O partido até que foi bonzinho com ela e suspendeu a sua filiação por um ano por ter desrespeitado uma ordem da Executiva nacional - não a expulsou, como adoram dizer por aí.
Naquele tempo, me lembro muito bem, o PT foi acusado de tudo por ter proibido que um de seus mais importantes quadros integrasse o governo Itamar.
O resto da história é conhecido. Depois de usada pela direitona para mostrar o quanto intransigente e radical era o PT, a idealista e ética Luiza Erundina foi defenestrada do governo federal, acabou isolada no partido e se abrigou no PSB, onde, na verdade, é apenas uma figura decorativa que a direção apresenta para dizer que é, vamos lá, socialista.
Gozado, mas agora me veio à mente o velho e antiquado slogan de uma das mais veteranas empresas de mudanças do país: "O mundo gira e a Lusitana roda."
É isso, o mundo gira, a Lusitana roda, e a deputada Luiza Erundina, quem diria, continua a deixar os companheiros na estrada.
Mas como ela é idealista e ética, está absolvida de qualquer pecadilho que possa ter cometido em sua longa vida política.
Por outro lado, os nossos idealistas e éticos, ao exaltar o ato de coragem, destemor e desprendimento da deputada, tratam de sepultar o PT na mesma vala infecta onde se enterraram todos os outros partidos políticos do país - à exceção, claro de agremiações nanicas também idealistas e éticas, que nem por isso deixam de se aliar, não raras vezes, aos mais radicais representantes do conservadorismo pátrio. À direitona, enfim.
Muitos desses ético-idealistas são jovens ainda. É a esses, principalmente, que gostaria de lembrar um fato ocorrido há 19 anos, quando o país era governado por um senhor chamado Itamar Franco, que chegou ao mais alto cargo da República por ter se arriscado numa aventura como vice na chapa encabeçada por um tal de Fernando Collor de Mello.
Pois bem, naquele tempo o PT era idealista e ético, como esses tantos indivíduos que hoje louvam a deputada Luiza Erundina.
O PT foi oposição radical a Collor e continuou sendo a Itamar. Não fazia concessões em seu oposicionismo. Era pau puro, porrada em cima de porrada, não admitia nada que estivesse um milímetro fora de sua cartilha idealista/ética/socialista.
Até que Itamar, raposa velha, resolveu um belo dia jogar a isca para ver se o tal do PT era mesmo tudo isso que dizia. E, como quem não quer nada, convidou Luiza Erundina, que havia acabado de deixar a prefeitura paulistana, para fazer parte de seu ministério.
Foi um deus nos acuda nas hostes do idealista e ético PT, que fechou questão: nenhum de nós vai aceitar ser ministro do governo Itamar, que nós tão fortemente combatemos.
Mas a idealista e ética Luiza Erundina topou o convite e deixou os seus companheiros idealistas e éticos do PT na mão. O partido até que foi bonzinho com ela e suspendeu a sua filiação por um ano por ter desrespeitado uma ordem da Executiva nacional - não a expulsou, como adoram dizer por aí.
Naquele tempo, me lembro muito bem, o PT foi acusado de tudo por ter proibido que um de seus mais importantes quadros integrasse o governo Itamar.
O resto da história é conhecido. Depois de usada pela direitona para mostrar o quanto intransigente e radical era o PT, a idealista e ética Luiza Erundina foi defenestrada do governo federal, acabou isolada no partido e se abrigou no PSB, onde, na verdade, é apenas uma figura decorativa que a direção apresenta para dizer que é, vamos lá, socialista.
Gozado, mas agora me veio à mente o velho e antiquado slogan de uma das mais veteranas empresas de mudanças do país: "O mundo gira e a Lusitana roda."
É isso, o mundo gira, a Lusitana roda, e a deputada Luiza Erundina, quem diria, continua a deixar os companheiros na estrada.
Mas como ela é idealista e ética, está absolvida de qualquer pecadilho que possa ter cometido em sua longa vida política.
Realmente a "esquerda" brasileira de saudosa memória ética, já foi pro brejo.
ResponderExcluirComparar a lisura do Governo Itamar com o descalabro do Governo PeTista é ser mesmo esquerdopata.
PS.: Eu também sou mais um desacreditado, que deixou o PT depois de 20 anos de militância, desde os meus 18 anos de idade, depois que caiu o último bastião ético do país, o PT!
Não fiz nenhuma comparação. Relatei apenas que a ética Erundina desrespeitou, na época, uma determinação de um partido que até então, e você mesmo afirma, era ético.
ResponderExcluirLamentavelmente e com todo respeito que a Sra. Erundina merece, ela errou. Insistimos no respeito a ela. Mais, sobre o PT, ainda que mereça todas as "porradas" que leva, NÃO EXISTE PARTIDO POLITICO MELHOR QUE O PT. NÃO EXISTE. A maioria de seus politicos sempre estão alinhados com as causas populares. SEMPRE. LULA O SABIO, não teria feito o que fez sem o PT. É isso.
ResponderExcluirDo ponto de vista da democracia interna, faz tempo que o PT não é o "melhor partido". Se a candidatura do Haddad e a aliança com o Maluf tivessem sido decididas pelo partido, e não pelo dedaço do Lula, o que você (H. Pires) diz faria sentido. Por outro lado, essa coisa de achar que a "determinação" de Executiva Nacional de um partido deve ser necessariamente acatada não tem nada de democrática. (Fernando Vianna).
ResponderExcluirMelhor texto sobre o episodio. Há de se enfatizar que o apoio do PP ao PT existe desde 2002 e muitos que berram hoje, deveriam estar berrando ha mais tempo, inclusive a propria Erundina.
ResponderExcluirMais uma vez, parabens pelo texto
O quadro político brasileiro, desde sempre, pode ter sido tudo, mas ético nunca foi. Dominado pela burguesia café com leite, sulista, nordestina, esse quadro só começou a ser alterado quando um operário foi eleito presidente da república. Foi a primeira vez que a elite burguesa e rica se viu obrigada a apear do poder -- e pelo voto popular. Se Lula não correspondeu à expectativa de muitos, é porque esses muitos nunca foram figura política com algum poder. No poder a briga é intestina. Ou vc vai com calma e cuidado ou é defenestrado ou fica amarrado. Entre ficar paralisado e colocar em ação um movimento de fortalecimento das classes populares, Lula optou pela segunda alternativa. Mas como agir num país conservador, tradicionalista, autoritário, com políticos querendo puxar seu tapete 24 horas por dia? Sendo "ético"? É possível ser "ético" com bandidos?
ResponderExcluirA meu ver, ético mesmo foi tirar 30 milhões de pessoas da miséria e da fome. Se os meios não foram "éticos", paciência. Com a "ética" exigida pelos puristas nunca iríamos a lugar nenhum. Penso que precisamos definir com clareza o que é "ético" na luta de classes. A nossa ética. Sem reprodução do discurso da "ética" burguesa, que tem como objetivo central mantê-la no poder -- e manter a nós nessa situação degradante, de espoliação diária, de apropriação (ou expropriação) de nossos corpos e mentes para que a burguesia continue fomentando seus privilégios.
Interessante a coincidência das fotos e das manchetes da matéria de Luíza Erundina ao lado ou acima da de Delfim Neto na Carta Capital. E quem acompanhou a política brasileira na época em que Delfim Neto foi ministro da direita e hoje é um dos aliados do PT não compreende essa repulsa de Erudina, tardia por sinal, porque veio mais de vinte e quatro horas depois, repelir Paulo Maluf. Prova ela que retroage, retrógrada é, a concretização da "Esquerda Burra". E a configuração de uma pessoa tresloucada e traidora.
ResponderExcluirParte 2: Que na comissão da verdade age cheia de ódio e rancor, vingativa. Invertesse o caso e lhe dessem poder absoluto sabe-se lá qual seria o tamanho da maldade de sua vingança sob o ardor do fogo de seu ódio.
Toda a concentração de energia que pulsa em explosão nas suas decisões entre um sim e um não são as mesmas, volátil alguém definiria. Um perigo para a sociedade analisariam, pois aparentemente o que se menos levou em conta em sua decisão foi a melhoria para o povo.
Parte 3: Uma faísca que por um tempo riscou o céu com luz e se apagou, para sempre. Com petulância de desesperada defesa a Estrela Guia com seus argumentos apagou. Lula-lá passou dos limites, disse, pelo povo. Luíza Erundina melhor do que ele moralmente se achou. Seria o mesmo que dizer.
Parte 5: Quem és tu Lula Estrela Guia diante de apagado risco no céu que um dia pouca luz lançou? Ainda obrigado, Lula, a ouvir o que não é nada em qualquer espaço, além de escuridão. Ousar dizer que quem passou dos limites foi tú, Lula-lá, ainda estrela guia brilhante no céu do coração do povo brasileiro.
Parte 6: E quem és tu Erundina para para falar o que quer que seja do Lula e criar-lhe problemas para a eleição de São Paulo. Dizendo inclusive que ele foi longe de mais?
E você para onde foi? Onde esta? E se foi e chegou a algum lugar, foi por quem? Por mérito político seu? E se, o que fez para merece-lo? Quem é você como liderança para o nosso país?
Parte 7:Foi prefeita de São Paulo nas costas de quem? De sua liderança política de nada e de ninguém como é até hoje, ou por Zé Dirceu, Lula, Suplicys e PT?
Que arrogância é essa para se achar com o direito de desistir dizendo que foi porque o Lula foi longe nessa ao coligar-se como o partido de Paulo Maluf? E ainda querer atrapalhar Lula e PT, isso tem nome, é covardia e traição! Típico de um tresloucada.
Parte 8: Mas estranhamente só se decidir depois de mais de 24hrs?
Pergunte-se a si mesma, quem sou eu? O que represento para o meu país como pessoa e política? Que falta eu faço para o Brasil? Antes de arrogar-se ao que quer que seja. Por que senão a pergunta quantos Malufs valem uma Erundina que fizeram na Carta Capital pode ser respondida por você mesma, e você com toda a certeza já se deu mal.
José da Mota.
Pois é, a retidão não tem mais espaço nesse universo de oportunismos. E, assim, no micro e no macrocosmo da política, manter a retidão é um fato inaceitável e sujeito a críticas. Depois, ficam escrevendo sobre as injustiças sociais e guerras contra os oprimidos. Ora, enquanto o joio não for separado do trigo, os governos continuarão sendo controlados pelos atores-vendedores-mercenários dos destinos dos povos. Parabéns Luiza Erundina!
ResponderExcluirErundina simplesmente foi pautada pela pressão das empresas midiáticas a serviço da direita conservadora de São Paulo.
ResponderExcluirNão teve personalidade para aguentar as chantagens desta mídia. E para manter as aparências, capitulou em troca de alguns elogios hipócritas na colunas de jornal e Tvs...
Fred
Estou sem paciência com os "éticos" de plantão, e dos que só leem as manchetes da Veja. Demonstram, com muita propriedade, o desconhecimento e a leitura rasa do que seja politica e cidadania.
ResponderExcluirParabéns Baby, disse tudo.
Aos demais, aprofundem a leitura em várias fontes; façam comparações do antes e depois; saiam dessa zona de conforto; pesquisem no dicionário o que é EMPATIA.
Leone