segunda-feira, 25 de junho de 2012

No bolso dói mais



"Em Ciudad del Este, polo comercial que atrai milhares de compradores brasileiros diariamente, ao menos dez lojistas consultados pela BBC Brasil calculam que houve queda de até 50% nas vendas neste fim de semana. Eles atribuem o fraco movimento, entre outros motivos, aos rumores de que o Brasil poderia fechar a fronteira com o Paraguai em resposta ao impeachment relâmpago de Lugo."
A informação consta de matéria publicada no site da BBC. Aborda uma das questões fundamentais na relação entre os dois países - o comércio bilateral. Mas se a corrente comercial entre Brasil e Paraguai é pequena, de cerca de US$ 3,6 bilhões no ano passado, com superávit de US$ 2,3 bilhões para o Brasil, o mesmo não se pode dizer do insumo básico que move qualquer país, a energia elétrica: 90% da eletricidade paraguaia vem da usina de Itaipu, uma empresa binacional que fornece cerca de 20% da energia do Brasil.
Uma das maiores vitórias do governo Lugo foi a renegociação dos valores que o Brasil paga ao Paraguai pelo uso da energia da usina. Os valores, que os paraguaios sempre acharam ínfimos, e o Brasil sempre se negava a alterar, foram triplicados. Além disso, agora o Paraguai pode vender a empresas particulares a energia que não utiliza, o que era antes vetado pelos termos do acordo de Itaipu.
A hidrelétrica, é portanto, o ponto alto das relações comerciais entre os dois países. 
Mesmo assim, não dá para desprezar o impacto na economia paraguaia que um improvável fechamento das fronteiras, como represália ao golpe promovido contra Lugo, poderia ter.
O caso da Ciudad del Este é emblemático: terceira maior zona franca comercial do mundo, ela movimenta cerca de 10% do Produto Interno Bruto paraguaio - que já é pequeno, o menor dos países do Mercosul, de cerca de US$ 35 bilhões, inferior até ao do Uruguai, que chega a US$ 41 bilhões. 
Também não dá para esquecer a importância que o agronegócio adquiriu no vizinho. Milho, trigo, carnes e arroz estão entre os principais produtos que o Brasil compra do Paraguai - muitos dos quais produzidos pelos chamados "brasilguaios", brasileiros que emigraram para o país nas décadas de 60 e 70.
As nações sul-americanas dificilmente adotarão sanções econômicas profundas contra o Paraguai. Mas se quisessem mesmo isolar o governo golpista e usurpador, esse seria o caminho mais lógico. 
Afinal, a oligarquia que manda no país está muito mais preocupada com as viagens que faz a Miami e as contas bancárias na Suíça do que com qualquer outra coisa.
O bolso, para essa gente, é a sua parte mais dolorida.

2 comentários:

  1. O Brasil já deveria ter anexado esse quintal faz é tempo.
    http://goo.gl/kf9oC

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  2. No site do NASSIF tem um artigo do janio de freitas perguntando quem destituiu LUGO? E eu respondi: Ora, ora, ora...quem destituiu LUGO foram os mesmos de sempre. Os banqueiros. Latifundiários do dinheiro público e privado do mundo inteiro. Afinal ninguém dá um tiro sem que alguém de dinheiro prá comprar a bala.

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