Dilma: luta por um país sem miseráveis (Roberto Stuckert Filho/Presidência) |
O primeiro eixo do programa, que deve beneficiar cerca de 4 milhões de famílias, vai garantir uma renda mínima de R$ 70 a cada membro das famílias extremamente pobres que tenham pelo menos uma criança nessa faixa etária, sendo um reforço ao Bolsa Família. Os outros dois eixos são o aumento do acessos dessas crianças à creche e a ampliação da cobertura dos programas de saúde para elas.
Dilma ressaltou que a principal bandeira do seu governo é acabar com a miséria absoluta no país e que, historicamente, a faixa de idade na qual o país tem mais dificuldade em reduzir a pobreza é a de crianças de até seis anos. Além de estar concentrada entre os jovens, a presidenta observou que a pobreza absoluta atinge principalmente as regiões Norte e Nordeste, onde vivem 78% dessas crianças. “Por essas razões, o Brasil Carinhoso, mesmo sendo uma ação nacional, vai olhar com a máxima atenção para as crianças dessas duas regiões mais pobres do país”, destacou a presidente, explicando que, assim como outros programas do Brasil sem Miséria, essa nova ação será uma parceria do governo federal com os governos estaduais e municipais.
O governo Dilma, com medidas desse tipo, dá continuidade e aprofunda o que fez o ex-presidente Lula em seus dois mandatos. A prioridade para a área social é óbvia nas duas administrações. O Bolsa Família, o Luz para Todos, os medicamentos gratuitos, essa recente investida contra os juros bancários, as desonerações fiscais para vários setores produtivos, tudo isso, de certa forma, vai de encontro às ideias gestadas há vários anos pelos partidos trabalhistas e de esquerda do país.
Não é nada que lembre nem de longe o socialismo ou que tais. É simplesmente a mais arrojada tentativa que se fez até hoje no Brasil de dar uma cara humana a um capitalismo que cavou um fosso na sociedade, dividindo-a entre os que moravam luxuosamente na Casa Grande e os que sobreviviam com os restos do festim na Senzala - um sistema econômico que tinha o objetivo de criar um mercado de 20 milhões de pessoas numa nação de 200 milhões de habitantes.
Ainda há muitas contradições no governo Dilma, como houve várias no governo Lula. Ainda há muito o que realizar para superar décadas de completa descaso com os temas verdadeiramente populares - educação, saúde, habitação, transporte urbano, entre os mais urgentes -, mas o que se nota é que, nesses últimos anos, tem-se feito, finalmente, um esforço para, pelo menos, começar um trabalho no sentido de atender as exigências mínimas da sociedade.
Dilma ainda é uma incógnita em muitos aspectos. Aos poucos, porém, dá ao seu governo uma feição do inusitado, do novo e da esperança.
Existem ainda questões muito espinhosas que devem ser enfrentadas pela presidente. Uma das mais duras se refere aos meios de comunicação, que se constituem num dos focos mais resistentes ao projeto de modernização do Brasil.
Mais dia, menos dia, porém, o governo Dilma terá de investir contra essa meia dúzia de oligarcas que controlam e manipulam a informação e assim impedem que o país veja a sua democracia amadurecer.
E nada será mais eficiente para esse salto de qualidade que a elaboração de um marco regulatório para o setor, que estabeleça regras de atuação e limites éticos, que organize essa bagunça toda de rádios e TVs concedidas a políticos e aventureiros, que desembarace todos os fios de interesses cruzados que permitem a formação de oligopólios, que faça a comunicação atuar em prol do desenvolvimento da nação e não no interesse de capitalistas que usam a notícia como moeda de troca para seus negócios.
Ainda há tempo para que o governo Dilma tire o país das trevas em que se encontra. Basta apenas um pouco mais de coragem para vencer essa batalha.
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