sábado, 28 de abril de 2012

Velhos e novos


E o Maluf, hein? Ninguém mais fala dele. Parece que o ex-governador, ex-prefeito, atual deputado federal se desinteressou completamente pela vida política, que não está nem aí para as novidades que têm esquentado os ânimos de situacionistas e oposicionistas.
Uma explicação para esse sumiço pode ser o fato de que ele está mais preocupado com a sua situação pessoal do que com qualquer outra coisa. Ainda mais agora que, segundo o noticiário, ele sofreu uma derrota na Suprema Corte de Nova York, nos Estados Unidos, que lhe negou o pedido para suspender a ordem internacional de prisão que existe contra ele.
Maluf está na lista de procurados da Interpol há mais de dois anos. Sobre ele pesam acusações de fraude, roubo e lavagem de dinheiro. Os seus advogados entraram com ação na Justiça americana para tentar tirar o seu nome da lista de procurados. A ordem de prisão vale nos 188 países membros da Interpol, a polícia internacional. A sua defesa alegou que Maluf não cometeu crimes nos Estados Unidos. A Suprema Corte do Estado de Nova York, porém, entendeu que Maluf tem de ser julgado nos EUA, e, enquanto ele não se apresenta, vai continuar na condição de fugitivo da Justiça americana.
Maluf é acusado de movimentar em Nova York contas bancárias ilegais com dólares desviados de obras públicas de São Paulo. Ele também responde por gastar dinheiro de corrupção com leilões de obras de arte. Se for condenado, pode pegar 25 anos de cadeia. Para a Suprema Corte, Maluf não colabora com as investigações. No Brasil, ele tem a lei ao seu lado, porque brasileiros natos não pode ser extraditados. Mas se sair do país por vontade própria, ele poderá ser preso.
Maluf completou 80 anos no dia 3 de setembro do ano passado. Comemorou com uma festa de arromba na Sala São Paulo. Talvez tenha sido a sua última aparição pública em grande estilo.
Há alguns anos muita gente achava que ele era o máximo, um tremendo administrador público, o político que não ficava apenas na palavra, que construía avenidas, túneis e estradas, que mandava a Rota para as ruas, que se lembrava do nome do mais humilde de seus eleitores. Para esse pessoal pouco importava que houvesse um sem número de acusações contra ele. Como outro demagogo que fez história na política paulista, Adhemar de Barros, ele roubava, mas fazia.
Maluf é um dos últimos políticos nascidos no ventre da ditadura ainda na ativa. Deve tudo o que foi, politicamente, aos militares que tomaram o poder em 1964. Prestou enormes serviços a eles e como recompensa pôde viver uma vida plena de luxo e riqueza. A Justiça dificilmente vai condená-lo em algum dos inúmeros processos nos quais é réu. Como se sabe, no Brasil a Justiça é célere apenas para os pobres. Para os ricos, ela se move com uma lentidão exasperante. Vá lá entender isso.
O seu maior castigo é justamente esse atual: viver praticamente recluso, sem poder sequer sair de seu país, quase esquecido pelos eleitores, lembrado apenas quando surge alguma notícia sobre as suas traquinagens, sem muito destaque. Até nisso ele está em baixa. As manchetes de hoje têm outros personagens, embora as acusações sejam as mesmas. Mudam as moscas...

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