segunda-feira, 12 de março de 2012
Em busca de uma saída
Depois de ter se retirado sem nenhuma glória do Iraque, o Exército americano se prepara para sair do Afeganistão, onde, a exemplo de vários outros invasores anteriores, sofre derrotas diárias. A data já está estabelecida para daqui a dois anos. A ideia era que, daí em diante, a presença americana se resumisse aos famosos "conselheiros militares". Mas o massacre promovido por um soldado, domingo, pode alterar os planos: o movimento Talibã prometeu vingança, depois de um sargento deixar a sua base e matar 16 civis afegãos, entre os quais mulheres e crianças, em três casas que invadiu, na província de Kandahar, no sul do país.
Essa foi a mais recente de uma série de ações das tropas americanas que causaram indignação entre os afegãos. O ataque aconteceu poucas semanas depois de exemplares do Corão, o livro sagrado dos muçulmanos, terem sido queimados numa base americana, provocando tumultos e a morte de 40 pessoas. Desta vez, o Talibã – que há dez anos lidera a insurgência contra as tropas estrangeiras comandadas pelos EUA – ameaçou vingança "contra os perversos selvagens norte-americanos, por cada um dos mártires", de acordo com um comunicado no site dos talibãs.
A declaração na internet veio após a embaixada dos EUA pedir que os cidadãos afegãos tomassem precauções adicionais, alertando sobre "o risco de sentimentos antiamericanos e protestos nos próximos dias, especialmente nas províncias do leste e do sul do país". O presidente Barack Obama telefonou ao presidente afegão, Hamid Karzai, e prometeu investigar rapidamente as mortes "chocantes".
O acordo proposto pelos americano aos afegãos para depois de 2014 daria embasamento legal às tropas americanas remanescentes no Afeganistão, incumbidas de auxiliar os afegãos com inteligência, força aérea e logística na luta contra os insurgentes talibãs. Como pré-condições para o estabelecimento do pacto estratégico, os afegãos exigem um cronograma para assumir gradualmente o controle de centros de detenção – segundo um acordo assinado há poucos dias.Também pedem que os EUA e a Otan concordem em acabar com as invasões noturnas a lares afegãos.
Neste 11º ano da presença dos EUA no Afeganistão, a morte de civis é uma das principais fontes de tensão entre Cabul e Washington. A conta da guerra já excedeu US$ 500 bilhões. Mais de 1.900 soldados americanos e um total de 3 mil das tropas estrangeiras morreram no conflito.
Uma pesquisa recente da rede ABC News e do jornal The Washington Post mostrou que 60% dos norte-americanos acreditam que a guerra do Afeganistão não valha o que custa. Entre os entrevistados, 54% querem a retirada das tropas dos EUA, mesmo que o exército afegão não esteja adequadamente treinado. "Essas mortes servem apenas para reforçar a ideia de que a guerra está falida e de que podemos fazer pouco mais do que tentar reduzir as perdas e deixar o país", declarou Joshua Fost, especialista em segurança americano.
A intervenção americana no Afeganistão, além da derrota dos talibãs e da consolidação de um governo "amigo", serviria para pressionar ainda mais o regime dos aiatolás do Irã, esse sim o principal alvo dos Estados Unidos naquela região do mundo. A "revolta popular" na Síria também integra o roteiro das ações para transformar a República Islâmica do Irã em mais um satélite americano.
Mas em se tratando do Oriente Médio, nada é como parece. Principalmente quando um dos atores do drama é um brutamontes psicótico que tenta agir como o mocinho da trama. (Com informações da Deustche Welle)
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