terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
Quem manipula quem?
É interessante essa relação entre Serra e Kassab, o criador e a criatura, o artista e a marionete.
Ela me intriga, principalmente porque, quando todo mundo esperava que o boneco tivesse criado vida própria, eis que ele parece ter uma recaída que o faz voltar a se mover apenas sob o comando de seu mestre, aquele demiurgo de feições tristonhas, olheiras profundas, calvície pronunciada e palidez incriminadora.
Mas tudo pode ser apenas um jogo de espelhos.
O mamulengo desengonçado - quem não se lembra do Kassabão que nos espreitava pelas esquinas da metrópole? - mostrou que seus passos podem, quando querem, levá-lo em direção ao pote de ouro, não o intangível que fica no fim do arco-íris, mas aquele negociado nas mais finas mercearias.
É difícil, muito difícil mesmo, saber quem controla quem, qual fio invisível se presta a mexer os lábios de um ou a boca do outro, as mãos delicadas do alcaide ou as sempre higiênicas do eterno candidato a tudo que se preza.
Triste missão para os nossos estudiosos e sapientes cientistas políticos que abundam nas páginas dos jornalões, nos horários nobres ou nem tanto das televisões abertas e fechadas que fazem a festa da informação - livre! - deste glorioso país.
E como tristeza não paga imposto, como muita água há de rolar sob a frágil pinguela que liga as margens direita e esquerda do caudaloso rio da democracia, nada melhor que buscar na sabedoria popular algo que encerre essa questão, profunda e inescrutável, envolvendo manipuladores e títeres.
Só uma boa anedota para esclarecer de vez esse dilema. Pinçada na maior fonte, inesgotável fonte, de conhecimento - para o bem ou para o mal - que existe, esta nossa internet.
Na íntegra, via Google, para aqueles que já conhecem relembrá-la, e para o deleite dos marinheiros de primeira viagem, eis aí a imbatível piada da
A loira e o ventríloquo
Durante uma apresentação, um ventríloquo estava contando todo o seu repertório de piadas de loiras com o seu marionete Zequinha.
De repente uma loiraça se levantou e começou a discursar:
- Já ouvi o suficiente das suas piadas denegrindo as loiras, seu idiota. O que o faz pensar que pode estereotipar as mulheres desse jeito? O que tem a ver os atributos físicos de uma pessoa com o seu valor como ser humano? São caras como você que impedem que mulheres como eu sejam respeitadas no trabalho e na comunidade, que nos impedem de alcançar o nosso pleno potencial como pessoa. Por sua causa e por causa das pessoas da sua laia, perpetua-se a discriminação, não só contra as loiras, mas contra as mulheres em geral...tudo em nome desse pseudo-humor!
Perplexo e envergonhado, o ventríloquo começou a se desculpar:
- Minha senhora, não foi essa a minha intenção...
E a loira, em tom raivoso, interrompe:
- Fique fora disso, meu senhor! Eu estou falando com esse rapazinho desprezível que está sentado no seu colo!
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